São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Projeto da USP organiza arquivo

DA SUCURSAL DO RIO

O acervo do antigo Deops paulista, no Arquivo do Estado de São Paulo, é o mais importante fundo documental público sobre os bastidores da repressão à guerrilha durante o regime militar.
A diferença com o material guardado no Arquivo do Rio se deve ao lugar político que as polícias políticas ocuparam nos dois Estados: o Deops de São Paulo, liderado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, foi decisivo nas ações governamentais.
O Dops do Rio, esvaziado por órgãos militares como o DOI-Codi, desempenhou papel marginal na repressão.
A primeira grande incursão ao arquivo do Deops de São Paulo, devolvido pela União ao Estado no começo da década de 90, foi feita pela comissão de familiares de mortos e desaparecidos políticos.
Em fevereiro de 1998, a professora de história contemporânea da USP (Universidade de São Paulo) Maria Aparecida de Aquino deu a partida no projeto ""Mapeamento e Sistematização do Acervo do Deops-SP, Série Dossiês, 1940-82".

Fapesp
Maria Aparecida e oito bolsistas (seis historiadores formados pela USP e dois graduandos de história da mesma universidade) passaram a trabalhar graças ao financiamento concedido pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
A equipe cuida de 2 milhões de documentos, distribuídos por cerca de 9.500 pastas, parte do acervo das polícias políticas de São Paulo desde a década de 40. Também organiza 1,1 milhão de fichas remissivas.
Papéis em mau estado de conservação foram transferidos de pastas de papelão para pastas plásticas. Pelo menos 25% do material já foi microfilmado.
Um dos maiores desafios foi superado: a decodificação dos códigos das pastas, com letras e números. Só com documentos do Deops trocados com o antigo SNI (Serviço Nacional de Informações) há 50 pastas.
Durante o projeto, o acesso público à documentação não foi interrompido. Até 2002, quando está previsto o fim do projeto, Aquino espera que o acervo esteja completamente classificado, facilitando o trabalho de pesquisadores ou de qualquer pessoa que queira conhecer um pouco mais a história do Brasil.
""A documentação acessível, superando a fragmentação, é que adquire importância para a sociedade", diz a historiadora. (MM)


Texto Anterior: Regime militar: Relatório do Exército revela mortes em SP
Próximo Texto: Militares não comentam o documento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.