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Projeto da USP organiza arquivo
DA SUCURSAL DO RIO
O acervo do antigo Deops paulista, no Arquivo do Estado de São
Paulo, é o mais importante fundo
documental público sobre os bastidores da repressão à guerrilha
durante o regime militar.
A diferença com o material
guardado no Arquivo do Rio se
deve ao lugar político que as polícias políticas ocuparam nos dois
Estados: o Deops de São Paulo, liderado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, foi decisivo nas
ações governamentais.
O Dops do Rio, esvaziado por
órgãos militares como o DOI-Codi, desempenhou papel marginal
na repressão.
A primeira grande incursão ao
arquivo do Deops de São Paulo,
devolvido pela União ao Estado
no começo da década de 90, foi
feita pela comissão de familiares
de mortos e desaparecidos políticos.
Em fevereiro de 1998, a professora de história contemporânea
da USP (Universidade de São
Paulo) Maria Aparecida de Aquino deu a partida no projeto ""Mapeamento e Sistematização do
Acervo do Deops-SP, Série Dossiês, 1940-82".
Fapesp
Maria Aparecida e oito bolsistas
(seis historiadores formados pela
USP e dois graduandos de história da mesma universidade) passaram a trabalhar graças ao financiamento concedido pela Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo).
A equipe cuida de 2 milhões de
documentos, distribuídos por
cerca de 9.500 pastas, parte do
acervo das polícias políticas de
São Paulo desde a década de 40.
Também organiza 1,1 milhão de
fichas remissivas.
Papéis em mau estado de conservação foram transferidos de
pastas de papelão para pastas
plásticas. Pelo menos 25% do material já foi microfilmado.
Um dos maiores desafios foi superado: a decodificação dos códigos das pastas, com letras e números. Só com documentos do
Deops trocados com o antigo SNI
(Serviço Nacional de Informações) há 50 pastas.
Durante o projeto, o acesso público à documentação não foi interrompido. Até 2002, quando está previsto o fim do projeto, Aquino espera que o acervo esteja
completamente classificado, facilitando o trabalho de pesquisadores ou de qualquer pessoa que
queira conhecer um pouco mais a
história do Brasil.
""A documentação acessível, superando a fragmentação, é que
adquire importância para a sociedade", diz a historiadora.
(MM)
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