São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2000

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SÃO PAULO
Ex-microcandidatos historicamente ligados ao malufismo preferem manter a neutralidade no 2º turno da eleição; dirigentes do PSDC e PRTB tendem a apoiar pepebista
Ex-candidatos evitam dar apoio a Maluf

FÁBIO ZANINI
JULIA DUAILIBI


DA REPORTAGEM LOCAL

Isolado politicamente no segundo turno, o candidato à prefeitura paulistana Paulo Maluf (PPB) não está conseguindo o apoio nem de ex-microcandidatos que têm um histórico de proximidade com ele.
O deputado federal e ex-candidato Marcos Cintra (PL), que foi secretário de Planejamento durante a segunda gestão de Maluf na prefeitura (1993-96), afirmou que pretende manter a neutralidade no segundo turno, não especificando em quem vai votar.
Ele afirmou, porém, que seu partido deve se reunir na próxima semana para decidir se mantém a posição de não apoiar nenhum dos candidatos no segundo turno.
"Eu não fui procurado por ninguém. Ficou muito claro que nossa linha era de independência", afirmou Marcos Cintra.
Ex-vice-governador de Maluf de 1979 a 1982 (ocupou efetivamente o governo de maio de 1982 a março de 1983), José Maria Marin (PSC) também quer distância do candidato do PPB e não declarou apoio a ele. Procurado pela reportagem, Marin não respondeu aos telefonemas da Folha, mas seus assessores afirmaram que ele se manteria neutro.
O ex-candidato do PRN em São Paulo, Ciro Moura, que se notabilizou no primeiro turno por fazer ataques a Luiza Erundina (PSB) e a Geraldo Alckmin (PSDB) sem mostrar o rosto, também se recusou a declarar apoio a Maluf.
Eduardo Souza Costa Júnior, secretário-geral da legenda em São Paulo, afirma que o partido, apesar de se declarar de "centro-direita", não vai recomendar o voto em nenhum dos dois candidatos.
"Não fomos procurados por Maluf. Se tivéssemos sido, poderíamos reavaliar. Mas nossa posição agora é de neutralidade", afirmou Costa Júnior.
Neutralidade também é o discurso de José de Abreu (PTN), do mesmo partido do prefeito e ex-afilhado de Maluf, Celso Pitta.
"Agora está entre uma madame e um doutor. Fico numa situação difícil", afirma Abreu, repetindo seu célebre slogan de campanha.
O candidato, que chegou a ser acusado de ajudar Maluf em seu horário de televisão, agora promete votar em branco.
Já Osmar Lins (PAN), o candidato que prometia passar "óleo de peroba" em políticos mentirosos e que poupava Maluf de críticas, diz agora que não decidiu em quem votará no segundo turno.
Dos ex-microcandidatos, dois declaram que vão votar em Marta. Um é Fábio Bosco, do PSTU, partido de extrema esquerda. O outro é Francisco Canindé Pegado, do PGT (Partido Geral dos Trabalhadores).
Ex-presidente da CGT (central sindical que geralmente adota posições antagônicas às da CUT, ligada ao PT), Pegado diz que sua posição é pessoal, não do partido.
Em Maluf, votam apenas dois ex-candidatos. João Manuel Baptista (PSDC) afirma que a candidatura Marta é "frágil".
"É uma questão de opinião própria. Quem irá governar é o PT", disse Baptista.
O PRTB, partido do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que teve a candidatura a prefeito de São Paulo cassada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), também acena em direção a Maluf -mas reclamando de estar sendo desprezado pelo candidato.
"Pessoas próximas a Maluf estão nos tratando como palhaços, assediando militantes nossos sem pedir autorização", diz Levy Fidélix, presidente da sigla. Fidélix diz que "tende a apoiar o ex-prefeito", mas ameaça declarar neutralidade se não pararem o que chama de "práticas hostis" de Maluf.
O ex-candidato do Prona, Enéas Ferreira Carneiro, procurado pela reportagem da Folha, não quis comentar o assunto.


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