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APURAÇÃO
Quatro cidades tiveram falhas técnicas graves; duas terão nova votação no dia 29 deste mês e duas oficializaram resultados; processo digital impede recontagem de votos
Primeira eleição digital teve problemas
MARCELO SOARES
DA REDAÇÃO
Nas primeiras eleições completamente digitais do mundo, ao
menos quatro cidades interioranas tiveram problemas sérios
com a urna eletrônica. Apesar de
a urna ter acabado com diversas
fraudes tradicionais, o processo
digital impede a recontagem de
votos em caso de dúvida.
Em duas das cidades, o resultado foi oficializado com falhas; em
outras duas, ambas no Maranhão,
os eleitores das seções que apresentaram problemas devem votar
novamente no dia 29.
Em Horizontina (RS), que tem
13.585 eleitores e é a terra natal da
modelo Gisele Bundchen, uma falha técnica fez com que 170 votos
para vereador fossem considerados perdidos.
Segundo a responsável pelo cartório eleitoral do município, a juíza Simone Brum Pias, o problema
ocorreu na hora da impressão do
boletim de urna. Com o auxílio de
técnicos da Justiça Eleitoral, foram recuperados os votos para
prefeito. Muitos votos para vereador, entretanto, foram perdidos.
Por orientação do TRE gaúcho,
os resultados foram oficializados
considerando apenas os dados
disponíveis. O aparelho foi lacrado e enviado ao TRE, mas os 170
votos inacessíveis foram ignorados. Segundo a juíza, não seria alterada a votação dos eleitos.
Dois recursos foram movidos.
Um foi do advogado Ricardo Alexandre Sauer, candidato pelo
PDT ao terceiro mandato na Câmara, que não foi eleito por 42 votos de diferença em relação ao último classificado. O outro foi movido pela Frente Popular, coligação composta por PT e PDT.
A assessoria de imprensa do
TRE informou que os processos
estão com o Ministério Público e
devem ser julgados na próxima
quarta-feira. Segundo o TRE, a
orientação de não contabilizar os
votos foi dada porque eles não podiam ser identificados.
Em Araçoiaba da Serra, a 112
km da capital paulista, houve falha na confecção do cartão que leva as informações sobre os candidatos para as urnas. Os candidatos a vereador e a legenda do PT
do B não foram registrados.
O problema foi detectado às
7h30, na impressão da "zerésima"
-relatório impresso para demonstrar que, partido a partido,
candidato a candidato, não havia
votos depositados antes da eleição. O PT do B não constava da
lista em nenhuma urna da cidade.
Apenas às 10h30, segundo os
partidos, houve uma instrução do
juiz eleitoral para que os presidentes das seções identificassem
os eleitores que pretendiam votar
nos candidatos do PT do B para
vereador e os instruíssem a voltar
depois das 16h.
Na hora de votar, os eleitores do
partido teriam sido instruídos a,
na urna eletrônica, anular ou votar em branco para vereador e votar para prefeito. O voto para vereador dos eleitores do PT do B
seria em uma cédula de papel.
Na apuração, as cédulas de papel foram desconsideradas. A soma dos votos eletrônicos e os de
papel para vereador era maior do
que o número de eleitores. Os
mais de 200 eleitores que votaram
na cédula tradicional também votaram -nulo, branco ou de outra
forma- na urna eletrônica.
No resultado oficial publicado
pelo TSE, não há nenhum voto registrado nem para os candidatos a
vereador nem para a legenda do
PT do B. O Ministério Público encaminhou a questão para a Justiça
Eleitoral. Até o final da tarde de
quarta-feira, não havia decisão.
Maranhão
O TRE do Maranhão determinou que haja nova votação, no dia
29, em uma seção eleitoral São
João Batista e em várias de Cândido mendes, onde falhas técnicas
tornaram o resultado indefinido.
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