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São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2003

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Operação da PF apreende armas de fazendeiros

DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A Polícia Federal desencadeou ontem em Palmital (PR) uma operação de desarmamento com o objetivo de conter a violência rural no Paraná.
Segundo o delegado José Alberto Iegas, chefe da Divisão da PF em Guarapuava -que comandou a operação de desarmamento-, oito pessoas foram presas em flagrante por porte ilegal de arma e formação de quadrilha: "Ainda não fizemos o balanço, mas deve passar de 50 armas, parte de uso restrito das Forças Armadas".
Segundo o delegado Iegas, nada foi achado no acampamento dos sem-terra em Laranjal, município vizinho a Palmital. Até as 18h de ontem, a PF não havia informado o número total de armas apreendidas.
Com 180 homens, um helicóptero e apoio de policiais do Grupo de Operações Especiais da PM do Paraná, a PF iniciou a operação às 5h de ontem. O município de Palmital foi berço, no início do ano, do surgimento do PCR (Primeiro Comando Rural), grupo liderado por Humberto Mano Sá.
Entre os presos estão os fazendeiros Rubens Clazer, 77, e seus filhos Cristiano Clazer, 33, e Cézar Clazer, 48, encontrados com armas de uso exclusivo das Forças Armadas. O advogado Luiz Lorenzetti, 47, genro de Rubens Clazer e vice-presidente da subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Palmital, também foi detido.
No início da noite de ontem, Rubens Clazer foi liberado por decisão judicial. Ele apresentou problemas de saúde depois de ser preso e algemado.
Cristiano Clazer foi um dos fundadores do PCR e estaria com uma pistola de uso exclusivo do Exército. A PF não encontrou armas na fazenda de Mano Sá, em Palmital.
No final da tarde, a operação foi estendida para um acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Laranjal (PR).
A ação foi acompanhada pelo promotor de Justiça de Palmital, Carlos Eduardo Azevedo, 38, e os presos foram levados para o destacamento da Polícia Militar em Palmital.
O promotor Azevedo disse que todas as prisões e apreensões foram "dentro da lei, com a expedição de mandados de busca e apreensão". A Agência Folha apurou que a operação começou a ser preparada seis meses atrás. A PF usou efetivos de todo o país que haviam se deslocado, na semana passada, para a região de Foz do Iguaçu para conter distúrbios com a invasão da estrada do Colono, no Parque Nacional do Iguaçu.
Ione Clazer, 55, mulher de Rubens e mãe de Cézar e Cristiano Clazer, disse que seu marido foi "humilhado, algemado e levado para o destacamento da PM como se fosse um bandido". "Ele ajudou a construir Palmital, é um pioneiro e não merecia esse tratamento", declarou. Ione admitiu, porém, que o marido e os filhos possuíam armas sem registro: "Eram armas de coleção. O Rubens tinha um revólver de mais de cem anos que foi apreendido. Eles queriam documentos de uma arma de coleção".
(JOSÉ MASCHIO)

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