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Operação da PF apreende armas de fazendeiros
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A Polícia Federal desencadeou ontem em Palmital (PR)
uma operação de desarmamento com o objetivo de conter a violência rural no Paraná.
Segundo o delegado José Alberto Iegas, chefe da Divisão da
PF em Guarapuava -que comandou a operação de desarmamento-, oito pessoas foram presas em flagrante por
porte ilegal de arma e formação
de quadrilha: "Ainda não fizemos o balanço, mas deve passar de 50 armas, parte de uso
restrito das Forças Armadas".
Segundo o delegado Iegas,
nada foi achado no acampamento dos sem-terra em Laranjal, município vizinho a Palmital. Até as 18h de ontem, a PF
não havia informado o número
total de armas apreendidas.
Com 180 homens, um helicóptero e apoio de policiais do
Grupo de Operações Especiais
da PM do Paraná, a PF iniciou a
operação às 5h de ontem. O
município de Palmital foi berço, no início do ano, do surgimento do PCR (Primeiro Comando Rural), grupo liderado
por Humberto Mano Sá.
Entre os presos estão os fazendeiros Rubens Clazer, 77, e
seus filhos Cristiano Clazer, 33,
e Cézar Clazer, 48, encontrados
com armas de uso exclusivo
das Forças Armadas. O advogado Luiz Lorenzetti, 47, genro
de Rubens Clazer e vice-presidente da subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)
de Palmital, também foi detido.
No início da noite de ontem,
Rubens Clazer foi liberado por
decisão judicial. Ele apresentou
problemas de saúde depois de
ser preso e algemado.
Cristiano Clazer foi um dos
fundadores do PCR e estaria
com uma pistola de uso exclusivo do Exército. A PF não encontrou armas na fazenda de
Mano Sá, em Palmital.
No final da tarde, a operação
foi estendida para um acampamento do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) em Laranjal (PR).
A ação foi acompanhada pelo
promotor de Justiça de Palmital, Carlos Eduardo Azevedo,
38, e os presos foram levados
para o destacamento da Polícia
Militar em Palmital.
O promotor Azevedo disse
que todas as prisões e apreensões foram "dentro da lei, com
a expedição de mandados de
busca e apreensão". A Agência
Folha apurou que a operação
começou a ser preparada seis
meses atrás. A PF usou efetivos
de todo o país que haviam se
deslocado, na semana passada,
para a região de Foz do Iguaçu
para conter distúrbios com a
invasão da estrada do Colono,
no Parque Nacional do Iguaçu.
Ione Clazer, 55, mulher de
Rubens e mãe de Cézar e Cristiano Clazer, disse que seu marido foi "humilhado, algemado
e levado para o destacamento
da PM como se fosse um bandido". "Ele ajudou a construir
Palmital, é um pioneiro e não
merecia esse tratamento", declarou. Ione admitiu, porém,
que o marido e os filhos possuíam armas sem registro:
"Eram armas de coleção. O Rubens tinha um revólver de mais
de cem anos que foi apreendido. Eles queriam documentos
de uma arma de coleção".
(JOSÉ MASCHIO)
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