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Objetivo é conseguir coligações com o PPB para isolar ex-prefeito
Ascensão de Maluf preocupa o
comando da reeleição de FHC
LUÍS COSTA PINTO
da Reportagem Local
Pesquisa Datafolha divulgada
na quarta-feira, mostrando que
a popularidade do presidente
Fernando Henrique Cardoso e a
confiabilidade do Plano Real
despencaram entre os paulistanos, promoveu um corre-corre
no comando político da campanha de reeleição de FHC. Há
uma estratégia em curso para
acelerar coligações estaduais do
PPB com partidos ou facções de
partidos fiéis ao presidente.
Essas coligações inviabilizariam a armação de palanques
em todo o país destinados a
apoiar Paulo Maluf, ex-prefeito
de São Paulo e presidente nacional da legenda, caso ele quisesse
disputar a eleição presidencial.
O comando da campanha de
reeleição, integrado por políticos e publicitários do PSDB e do
PFL e por alguns membros do
PMDB, está preocupado com o
crescimento da popularidade do
ex-prefeito. Maluf já se declarou
candidato ao governo do Estado, mas ainda é visto como adversário presidencial em potencial.
Ao contrário do PT, que dificilmente agrega para si o apoio
da classe média e dos empresários, o PPB pode aumentar sua
inserção eleitoral entre os formadores de opinião, caso a crise
econômica se agrave. É o raciocínio que fazem os encarregados
de traçar os caminhos da reeleição de FHC.
Levantamento sobre intenção
de voto para presidente em 98,
associado à pesquisa divulgada
na quarta, revelou que entre 20
de junho e 11 de novembro últimos o percentual de paulistanos
que pretendiam votar em FHC
caiu de 33% para 28%.
Em movimento oposto, apenas 11% dos eleitores da capital
paulista pretendiam votar em
Maluf para presidente da República, segundo a pesquisa de junho. O Datafolha mostrou que,
agora, 20% dos eleitores da cidade já têm intenção de votar em
Paulo Maluf para presidente.
Sucesso
A estratégia de isolar Maluf
vem dando certo na maioria dos
Estados nos quais o PPB obteve
votações expressivas em 94. São
Paulo e Minas Gerais são as únicas unidades da federação em
que o PPB se mantém fiel ao seu
presidente nacional, caso ele deseje se candidatar a presidente.
O diretório do partido na Bahia também mantém essa fidelidade, mas foi esvaziado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que convenceu
a maioria dos pepebistas baianos com chances eleitorais a assinar fichas de filiação do PFL ou
do PTB.
No Rio, onde o PPB obedece
ao ministro da Indústria e Comércio, Francisco Dornelles
(candidato à reeleição como deputado federal), o PSDB do governador Marcello Alencar recebeu ordem para acelerar um
entendimento com os pepebistas para montar a arquitetura do
palanque estadual.
Em Pernambuco, Maluf sempre teve boa inserção entre os
políticos dos subúrbios de Recife e do interior. Ali, o PSDB e a
coligação PMDB-PFL, adversários na disputa pelo governo estadual, intensificaram ações para ter o PPB em seus palanques.
Maluf já perdeu a legenda em
Tocantins e no Rio Grande do
Sul. Os principais nomes do PPB
nesses dois Estados passaram
para o PSDB e para o PFL. No
Rio Grande do Sul, quem ficou
no PPB firmou um acordo eleitoral com o governador Antônio
Britto (PMDB), fiel a FHC. Em
Santa Catarina, o PPB disputará
o governo com um ex-presidente nacional, o senador Esperidião Amin, e receberá o apoio
do PFL controlado pelo presidente nacional licenciado da legenda, Jorge Bornhausen.
No Amazonas, o PFL recebeu
a filiação do governador do Estado, Amazonino Mendes
(ex-PPB), e de todos os deputados federais e estaduais pepebistas. Correndo por fora, o deputado Luiz Fernando Sarmento
saiu do PSDB e filiou-se ao PPB.
Objetivo: manter a legenda nas
mãos de fiéis.
"É inútil o que estão fazendo.
O Maluf e o Fernando Henrique
riem deles. Já roubaram o que
tinham que roubar do PPB",
desdenha irônico o deputado
Delfim Netto (PPB-SP), vice-presidente do partido. "Os
dois estão íntimos, e isso causa
ciúmes descomunais na tucanada e asseclas."
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