São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997.




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Objetivo é conseguir coligações com o PPB para isolar ex-prefeito
Ascensão de Maluf preocupa o comando da reeleição de FHC

LUÍS COSTA PINTO
da Reportagem Local

Pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira, mostrando que a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso e a confiabilidade do Plano Real despencaram entre os paulistanos, promoveu um corre-corre no comando político da campanha de reeleição de FHC. Há uma estratégia em curso para acelerar coligações estaduais do PPB com partidos ou facções de partidos fiéis ao presidente.
Essas coligações inviabilizariam a armação de palanques em todo o país destinados a apoiar Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional da legenda, caso ele quisesse disputar a eleição presidencial.
O comando da campanha de reeleição, integrado por políticos e publicitários do PSDB e do PFL e por alguns membros do PMDB, está preocupado com o crescimento da popularidade do ex-prefeito. Maluf já se declarou candidato ao governo do Estado, mas ainda é visto como adversário presidencial em potencial.
Ao contrário do PT, que dificilmente agrega para si o apoio da classe média e dos empresários, o PPB pode aumentar sua inserção eleitoral entre os formadores de opinião, caso a crise econômica se agrave. É o raciocínio que fazem os encarregados de traçar os caminhos da reeleição de FHC.
Levantamento sobre intenção de voto para presidente em 98, associado à pesquisa divulgada na quarta, revelou que entre 20 de junho e 11 de novembro últimos o percentual de paulistanos que pretendiam votar em FHC caiu de 33% para 28%.
Em movimento oposto, apenas 11% dos eleitores da capital paulista pretendiam votar em Maluf para presidente da República, segundo a pesquisa de junho. O Datafolha mostrou que, agora, 20% dos eleitores da cidade já têm intenção de votar em Paulo Maluf para presidente.
Sucesso
A estratégia de isolar Maluf vem dando certo na maioria dos Estados nos quais o PPB obteve votações expressivas em 94. São Paulo e Minas Gerais são as únicas unidades da federação em que o PPB se mantém fiel ao seu presidente nacional, caso ele deseje se candidatar a presidente.
O diretório do partido na Bahia também mantém essa fidelidade, mas foi esvaziado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que convenceu a maioria dos pepebistas baianos com chances eleitorais a assinar fichas de filiação do PFL ou do PTB.
No Rio, onde o PPB obedece ao ministro da Indústria e Comércio, Francisco Dornelles (candidato à reeleição como deputado federal), o PSDB do governador Marcello Alencar recebeu ordem para acelerar um entendimento com os pepebistas para montar a arquitetura do palanque estadual.
Em Pernambuco, Maluf sempre teve boa inserção entre os políticos dos subúrbios de Recife e do interior. Ali, o PSDB e a coligação PMDB-PFL, adversários na disputa pelo governo estadual, intensificaram ações para ter o PPB em seus palanques.
Maluf já perdeu a legenda em Tocantins e no Rio Grande do Sul. Os principais nomes do PPB nesses dois Estados passaram para o PSDB e para o PFL. No Rio Grande do Sul, quem ficou no PPB firmou um acordo eleitoral com o governador Antônio Britto (PMDB), fiel a FHC. Em Santa Catarina, o PPB disputará o governo com um ex-presidente nacional, o senador Esperidião Amin, e receberá o apoio do PFL controlado pelo presidente nacional licenciado da legenda, Jorge Bornhausen.
No Amazonas, o PFL recebeu a filiação do governador do Estado, Amazonino Mendes (ex-PPB), e de todos os deputados federais e estaduais pepebistas. Correndo por fora, o deputado Luiz Fernando Sarmento saiu do PSDB e filiou-se ao PPB. Objetivo: manter a legenda nas mãos de fiéis.
"É inútil o que estão fazendo. O Maluf e o Fernando Henrique riem deles. Já roubaram o que tinham que roubar do PPB", desdenha irônico o deputado Delfim Netto (PPB-SP), vice-presidente do partido. "Os dois estão íntimos, e isso causa ciúmes descomunais na tucanada e asseclas."



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.