São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997.




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Para Ciro, governo desvalorizará o real após as eleições de 1998

da Sucursal do Rio

O virtual candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou ontem que o pacote econômico do governo é uma "tentativa desesperada" de adiar para depois das eleições de 98 o que, para ele, é a "amarga verdade": a desvalorização do câmbio, com a volta da inflação.
Ciro disse ter lido estudos internacionais que afirmam que uma desvalorização cambial de 20% levaria a uma inflação de 63%.
Mas as consequências políticas, segundo disse, poderão não beneficiar eleitoralmente a sua candidatura e até fortalecer o governo ou uma alternativa conservadora.
"Se vamos para um cenário de crise franca, podem acontecer duas coisas ruins para o Brasil", disse. "O povo pode identificar no presidente (Fernando Henrique Cardoso) o fator de estabilidade ou pode acontecer que a direita, mais reacionária, populista e demagógica, fature isso."
Ciro Gomes disse duvidar que o governo não consiga aprovar o pacote no Congresso Nacional e também mostrou ceticismo em relação às críticas do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que tem atacado o aumento do Imposto de Renda.
"Olha, os políticos convencionais brasileiros têm uma atitude que é a de eternamente se valorizar para não dar de barato o seu apoio", afirmou.
"Pode acreditar que toda essa rebeldia se exaure na próxima negociação fisiológica."
Ele afirmou também que FHC "não tem moral" para acusar quem é contra o aumento do IR de não pensar nos pobres.
"Por exemplo, ele criou uma linha de crédito para os usuários da especulação na Bolsa, na hora do risco", disse.
"A Bolsa é uma área de risco, estava ganhando 97% ao ano. Como toda Bolsa do mundo, caiu. E agora o governo entra para socorrer, com uma linha de crédito que é a mais barata do país. Essa é a cara do governo Fernando Henrique. Defesa dos pobres e oprimidos?"
Ciro acusou o governo de ter se deixado levar pela popularidade fácil trazida pelo Plano Real e adiado medidas de ajuste estrutural da economia, o que, na sua opinião, abriu espaço para a crise.
O virtual candidato do PPS levantou dúvidas sobre a correção da demissão de 33 mil funcionários públicos, anunciada no pacote, enquanto o governo mantém o investimento de R$ 500 milhões em publicidade previstos para o ano que vem. (WT)


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