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NEO-ALIADO
Líder do partido no Senado defende reestruturação "ampla e profunda" na Esplanada e já pensa em apoiar Lula em 2006
PMDB diz que quer ser do "núcleo do poder"
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Incomodado com o risco de que
a reforma ministerial seja feita por
meio de um "aliancismo improvisado e sem consequência", o líder
do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), defendeu ontem que
a reestruturação da Esplanada
dos Ministérios seja "ampla e profunda", com redução do número
de cargos e fim de sobreposição
de funções, e que inclua o PMDB
no "núcleo do poder".
Para isso, segundo Renan, a
cautela com o "timing" é fundamental. Ele propõe que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só
realize a reforma ministerial após
a aprovação das reformas previdenciária e tributária.
"Ficando para depois, aumenta
a chance de o PMDB entrar para o
governo no bojo de uma reforma
mais ampla, com enxugamento
de superposições, definição de
um Estado mais ágil e redução do
número de ministérios. E que caracterize o início de uma nova fase, com a retomada do crescimento econômico e do resgate dos
compromissos sociais", afirmou.
Isso conta com a concordância
do presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), mas contraria o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Ele havia
defendido a realização da reforma
ministerial antes das votações.
A estratégia de esperar a aprovação das reformas foi defendida
por Renan ao ministro José Dirceu (Casa Civil) na sexta-feira
passada. Os dois devem almoçar
juntos nesta segunda-feira.
Num momento de tensão entre
governo e oposição, que chegou a
ameaçar as reformas no Congresso, Renan e Dirceu intensificaram
os diálogos. O peemedebista recebeu aval do chefe da Casa Civil para realizar uma reunião entre líderes de partidos, o que marcou a
retomada das negociações.
"Pacto de poder"
Propondo um "pacto estratégico de poder" entre PMDB e PT,
Renan afirmou que seu partido
tem um "projeto próprio de poder", que não impede a reeleição
de Lula em 2006.
"O mais provável é que a aliança
com o PT se mantenha em 2006
com o Lula sendo candidato. O
PMDB tem um projeto de poder
adiante", disse.
Por isso, Renan insiste que a intenção do seu partido é se fortalecer, reconstruir sua imagem e livrar-se da pecha de fisiológico.
""O pacto de poder do PMDB
não pode ser um aliancismo improvisado, pouco pensado e sem
consequência -uma coisa que
marcou muito os partidos de esquerda. Não queremos apenas
entrar no governo. Para que cargos, senão para satisfazer quem os
ocupa?", perguntou o líder. ""Não
nos interessa aliancismo improvisado. Cheiraria a fisiologismo."
A participação do PMDB no ministério, segundo o líder, tem de
ser consequência da sustentação
parlamentar que os peemedebistas já dão ao governo e não o contrário. Com a maior bancada do
Senado (22 senadores), o líder
tem prometido que a sigla dará
92% dos seus votos a favor das reformas. ""Sem o PMDB, não há reforma nem governabilidade."
Renan assumiu dois compromissos em reunião com os senadores do PMDB na última terça-feira: as indicações para o ministério serão discutidas abertamente na bancada, e as demandas que
cada senador tiver com o governo
serão tratadas só após as votações.
Ele disse que o partido escolherá
os nomes de acordo com o perfil
dos cargos e que não aceitará vetos. ""O PMDB não quer apressar
o passo. Não teremos ansiedade
nem crise existencial."
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