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São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2003

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NEO-ALIADO

Líder do partido no Senado defende reestruturação "ampla e profunda" na Esplanada e já pensa em apoiar Lula em 2006

PMDB diz que quer ser do "núcleo do poder"

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Incomodado com o risco de que a reforma ministerial seja feita por meio de um "aliancismo improvisado e sem consequência", o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), defendeu ontem que a reestruturação da Esplanada dos Ministérios seja "ampla e profunda", com redução do número de cargos e fim de sobreposição de funções, e que inclua o PMDB no "núcleo do poder".
Para isso, segundo Renan, a cautela com o "timing" é fundamental. Ele propõe que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só realize a reforma ministerial após a aprovação das reformas previdenciária e tributária.
"Ficando para depois, aumenta a chance de o PMDB entrar para o governo no bojo de uma reforma mais ampla, com enxugamento de superposições, definição de um Estado mais ágil e redução do número de ministérios. E que caracterize o início de uma nova fase, com a retomada do crescimento econômico e do resgate dos compromissos sociais", afirmou.
Isso conta com a concordância do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mas contraria o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Ele havia defendido a realização da reforma ministerial antes das votações.
A estratégia de esperar a aprovação das reformas foi defendida por Renan ao ministro José Dirceu (Casa Civil) na sexta-feira passada. Os dois devem almoçar juntos nesta segunda-feira.
Num momento de tensão entre governo e oposição, que chegou a ameaçar as reformas no Congresso, Renan e Dirceu intensificaram os diálogos. O peemedebista recebeu aval do chefe da Casa Civil para realizar uma reunião entre líderes de partidos, o que marcou a retomada das negociações.

"Pacto de poder"
Propondo um "pacto estratégico de poder" entre PMDB e PT, Renan afirmou que seu partido tem um "projeto próprio de poder", que não impede a reeleição de Lula em 2006.
"O mais provável é que a aliança com o PT se mantenha em 2006 com o Lula sendo candidato. O PMDB tem um projeto de poder adiante", disse.
Por isso, Renan insiste que a intenção do seu partido é se fortalecer, reconstruir sua imagem e livrar-se da pecha de fisiológico.
""O pacto de poder do PMDB não pode ser um aliancismo improvisado, pouco pensado e sem consequência -uma coisa que marcou muito os partidos de esquerda. Não queremos apenas entrar no governo. Para que cargos, senão para satisfazer quem os ocupa?", perguntou o líder. ""Não nos interessa aliancismo improvisado. Cheiraria a fisiologismo."
A participação do PMDB no ministério, segundo o líder, tem de ser consequência da sustentação parlamentar que os peemedebistas já dão ao governo e não o contrário. Com a maior bancada do Senado (22 senadores), o líder tem prometido que a sigla dará 92% dos seus votos a favor das reformas. ""Sem o PMDB, não há reforma nem governabilidade."
Renan assumiu dois compromissos em reunião com os senadores do PMDB na última terça-feira: as indicações para o ministério serão discutidas abertamente na bancada, e as demandas que cada senador tiver com o governo serão tratadas só após as votações.
Ele disse que o partido escolherá os nomes de acordo com o perfil dos cargos e que não aceitará vetos. ""O PMDB não quer apressar o passo. Não teremos ansiedade nem crise existencial."


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