São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2004

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TODA MÍDIA

De FHC a Lula

NELSON DE SÁ

Fernando Henrique Cardoso, relatava ontem o argentino "La Nación", convocou há cinco anos uma reunião de presidentes da América do Sul, para Brasília:
- Ele pretendia criar a União Sul-Americana. Mas foi impossível chegar a algo concreto.
Hoje presidente do Clube de Madri, de 54 ex-chefes de governo e de Estado, ele tem outras prioridades.
Como noticiou ontem o espanhol "El País", sua organização "concluiu a assembléia em Madri com um alerta sobre os riscos que correm muitas democracias de perder qualidade":
- O melhor exemplo do perigo veio com um informe da ONU que mostra que 45% dos latino-americanos respaldariam um governo autoritário, se ele melhorasse a situação econômica de seus países.
Um alerta sobre Hugo Chávez e assemelhados.

 

Mas o velho sonho de FHC continuou, segundo o "La Nación", que deu manchete ontem para a União Sul-americana que deverá surgir no próximo dia 9, no Peru, com novo encontro dos presidentes da América do Sul.
Do jornal, animado:
- Já foi redigido o preâmbulo que será a sua ata fundamental. Já estão confirmadas as presenças dos dez presidentes. Será um acontecimento histórico, ainda que o funcionamento concreto do bloco regional demande vários anos de árduas negociações.
A ata vai afirmar, segundo o "La Nación" e sites latino-americanos de notícias como o Infobae, que o bloco vai combater "a desigualdade, a exclusão social, a fome, a pobreza e a falta de segurança".
Em suma, "por ora, é um gesto político de importância que ainda tem tudo para definir". Andou um pouco desde 99, não muito.
 

Mas já é o bastante, segundo o diário argentino, para o sucessor sair cantando vitória sobre FHC:
- Para Lula, a União Sul-americana tem um sabor de revanche.
O que se alcançou por enquanto "é apenas simbólico", mas o correspondente no Brasil sublinhou que foi a imagem construída de Lula, além do entusiasmo de colegas como o venezuelano Chávez, que fez avançar o projeto:
- Favorecido por uma construção midiática quase mítica de sua figura no exterior, Lula conseguiu arrebanhar os países do continente.
De todo modo, também conseguiu arrebanhar desconfianças argentinas, pelas reações à "clara liderança do Brasil" expressas ontem por intelectuais como Jorge Castro, do Instituto de Planejamento Estratégico.

DO JN AO "DIÁRIO DO POVO"
O Jornal Nacional, no sábado, deu manchete dizendo que "a Fiesp critica a decisão do Brasil de considerar a China uma economia de mercado". Mas boa parte da cobertura foi para o pé de jabuticaba e o churrasco que Lula apresentou ao presidente Hu Jintao. "Quem viu disse que os chineses adoraram a carne e repetiram os pratos." Não chegou a tanto, mas o tom da extensa cobertura estatal chinesa ("Diário do Povo", agência Xinhua, Rádio Internacional da China) foi toda simpática, sublinhando os ganhos de Hu Jintao. E sem mencionar a Fiesp -que deve se manter atenta, porque a comentarista Míriam Leitão anunciou na CBN que, depois da China, desembarcam nas próximas duas semanas as delegações da Rússia, da Coréia do Sul, do Vietnã.

english1.people.com.cn/Reprodução
À CHINESA A foto posada de Lula e Hu Jintao, que acompanha a manchete "China e Brasil prometem promover cooperação bilateral", no site do "Diário do Povo"

Brasil lá fora
Na Globo e na cobertura das rádios e dos sites de notícias, ecoava ontem o ataque de uma turista, por meninos de rua:
- A japonesa Yoshiko Magoshi, de 60 anos, passeava na praia de Copacabana quando foi cercada por dez menores de idade e esfaqueada. Ela conseguiu fugir, mas foi atropelada.
Mas a atenção de pelo menos três agências internacionais se voltou a uma outra notícia de crime, também manchete na Globo e nas demais redes brasileiras. Da espanhola Efe:
- Deputado brasileiro admite que matou oito pessoas.

Responsabilidade
Enquanto petistas e até tucanos distribuem declarações em campanha contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, já surgem as primeiras reações em defesa da lei -ainda não de políticos.
Além do Jornal da Record de Boris Casoy, que vem expressando sua contrariedade com os esforços lobistas, também o UOL News de Lillian Witte Fibe passou a questionar ontem "a farra com o dinheiro público".
Ouvido no site, o economista Raul Velloso, mesmo criticando o indexador usado, acredita que aqueles que vêm fazendo pressão contra a lei vão ceder.



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