São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Sem sinal, de novo

Em agosto, numa feira da Associação Brasileira de TV por Assinatura, um estande "chamou a atenção", com logo e "teasers" da Al Jazeera International. O canal estréia hoje com nome um pouco diferente, Al Jazeera English, e sem sinal na TV por assinatura -a exemplo da venezuelana Telesur. Por aqui, só as americanas CNN e Fox News e a britânica BBC. Quem quiser a Al Jazeera tem que ir ao site ou apelar às parabólicas para captar o sinal, por ora, aberto.
Não é só por aqui. Nos EUA, segundo o "Guardian", "o lançamento foi atrapalhado pela suspensão de um acordo com a ComCast, a maior operadora do país -e de Detroit, a maior população árabe-americana". A ComCast diz que a decisão de anteontem se deveu à "falta de capacidade". A distribuição americana será por satélite de uma subsidiária da France Telecom.

"STREAM"

aljazeera.net/english

O site da Al Jazeera esconde mal o temor com o alcance restrito do novo canal. Festeja que vai atingir 80 milhões de residências, que seria "o dobro do esperado". Afirma que os números vão aumentar, com o tempo.
Mas trata de destacar que o sinal poderá ser acessado por telefone celular ou outras vias, sobretudo pelo próprio site, com "live stream".

UM ESPINHO
O americano "The New York Times" chegou perto de defender a Al Jazeera, ontem em sua longa reportagem.
Descreveu o canal original, em árabe, como "um espinho para todo ditador na região, bem como para o governo Bush". Apontou a pujança do grupo do Qatar, que incluirá um jornal pan-árabe, canais de esporte, infantil e até de transmissões institucionais, este copiado do C-Span.
E anunciou esta Al Jazeera em inglês como direcionada a representar, no "mundo em desenvolvimento", o que foi antes no árabe, "defensora das causas esquecidas".

A24
No rastro da Al Jazeera, de êxito comercial, já vieram dois outros canais com perspectiva localizada, um da Venezuela, outro da Rússia, como destacou a agência Reuters. Teve também o da Radiobrás, que não chegou a decolar.
O projeto mais festejado é a "CNN à la française" lançada por Jacques Chirac em 2002 e que estréia no mês que vem. O nome é France 24, tem capital estatal e da rede privada TF1, meio a meio, e promete "um ponto de vista diferente do universo anglo-saxão".
Mas o mais marcante talvez seja o projeto A24, com estréia em 2007. Será "um canal de jornalismo 24h pan-africano, comandado por africanos e voltado ao público africano".

ANIVERSÁRIOS
Para registro, o aniversário de dez anos da Al Jazeera foi dia 1º, saudado por seu diretor geral, no site, como "símbolo para a liberdade de imprensa em todo o mundo árabe".
Para o Ocidente, o canal tem, na verdade, cinco anos: em outubro de 2001 foi ao ar o vídeo de Osama bin Laden.

washingtonpost.com/ Reprodução
Um condomínio em Governador Valadares bancado pelos recursos enviados dos EUA, segundo o "WP"

"LITTLE AMERICA"
O correspondente do "Washington Post" Monte Reel foi até Governador Valadares, em Minas Gerais, para longa reportagem sobre a cidade apelidada de "Little America" ou "Vala-dólares". Estima que até 50 mil dos habitantes vivem hoje nos EUA, num fluxo iniciado nos anos 40 com a chegada à região de mineradoras americanas. Perfila um menino, Guilherme, 14, que tem quase toda a família nos EUA e que vai também, logo. "Se pudesse, iria amanhã."

DIVERSIDADE
Novamente atento ao país, pós-eleição, o "WP" também deu ontem que uma "cidade remota" da Amazônia tornou oficiais, nas escolas e governo, três idiomas indígenas. No Brasil, seria "a primeira".

PROTEÇÃO
No refluxo protecionista da globalização, a França avisou, no "Financial Times", que quer barreiras tarifárias na Europa aos países poluidores: para começar, Brasil e os três outros emergentes BRICs.

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@ - Nelson de Sá


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