São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2007

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Planalto cancela ida de presidente a Cuba

Petista alega ser preciso mais tempo para preparar visita, pois cubanos enviaram longa pauta de acordos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois de ter confirmado oficialmente a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Cuba na próxima semana, o Planalto anunciou ontem o cancelamento da visita. A versão dada por assessores presidenciais é que não haveria tempo hábil para fechar alguns acordos propostos por Cuba.
Lula desembarcaria na ilha na próxima quinta-feira e cumpriria agenda oficial na sexta. A visita permitiria um reencontro entre Lula e Fidel Castro, afastado do poder há 15 meses por motivos médicos. Desde que assumiu a Presidência, Lula só foi uma vez a Cuba, em setembro de 2003.
No Planalto, assessores negaram a hipótese de que o cancelamento tenha alguma relação com a saúde de Fidel. O cubano foi internado em julho de 2006 e, desde então, seu estado de saúde é mantido sob sigilo. Ele entregou o comando do país ao irmão Raúl e fez raríssimas aparições públicas.
Ao final de um evento no Itamaraty, Lula disse que solicitou a suspensão da viagem porque recebeu de Cuba uma extensa pauta de interesse de cooperação entre os dois países, e que por isso, necessitava de mais tempo para preparar a visita.
Segundo Lula, a viagem foi adiada por 30 dias. O presidente pretende encontrar-se com Fidel ainda neste ano. "Então em vez de eu ir agora, prefiro adiar por 30 dias, preparar esta proposta que os cubanos me entregaram e levar lá para fazer acordo com muito mais coisa do que eu iria fazer. É apenas por isso [o adiamento]."
O presidente afirmou que sua visita a Cuba tinha, inicialmente, dois motivos principais: um acordo para aumentar o volume de crédito para que Cuba possa comprar alimentos do Brasil e uma aproximação da Petrobras com os cubanos, para que a estatal possa fazer prospecção de petróleo no golfo cubano. Lula não disse qual exatamente foi a pauta apresentada pelos cubanos, mas afirmou que "um grande número delas" são fáceis de fazer, sobretudo na área da saúde.

Cooperação
Cuba quer cooperação brasileira na área de vacinas e aleitamento materno. Também quer discutir a polêmica sobre a validação de diplomas aos alunos de medicina no país caribenho.
O roteiro inicial de Lula incluía a República Dominicana e o Haiti. Por problemas de tempo e de agenda, a visita aos dominicanos foi postergada. Ontem, Lula disse que preferiu adiar a ida ao Haiti para "levar uma proposta mais substanciada" de ajuda ao desenvolvimento do país. O mais provável agora é que Lula visite esses países em dezembro.
Recentemente, dois boxeadores cubanos foram deportados pelo governo brasileiro a Cuba, numa operação que despertou interesse da imprensa mundial. Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara vieram ao Brasil participar dos jogos Pan-americanos. Em menos de 48 horas, os atletas foram detidos pela Polícia Federal na Região dos Lagos, no interior do Rio, interrogados duas vezes e embarcados rumo a Cuba em um jato executivo de prefixo venezuelano.
(LETÍCIA SANDER)


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