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RUMO A 2002
Decisão ficará para a direção nacional, que deve aprovar coligação
PT quer aliança com centro,
mas suprime menção ao PL
FÁBIO ZANINI
PLÍNIO FRAGA
ENVIADOS ESPECIAIS A OLINDA
O PT aprovou ontem, em seu
encontro nacional, a possibilidade de uma "aliança ampla, com as
forças políticas da esquerda e do
centro que estejam em oposição a
Fernando Henrique Cardoso e às
políticas neoliberais".
A menção explícita ao "PL do
[senador mineiro" José Alencar",
que constava do texto original
produzido pelo presidente nacional do partido, José Dirceu, foi suprimida na votação de ontem.
O plenário do encontro também transferiu para o diretório
nacional a decisão sobre com
quais legendas o PT irá se coligar
para a campanha à Presidência da
República em 2002.
Na prática, é mais um passo para a confirmar a candidatura do
presidenciável petista Luiz Inácio
Lula da Silva, que pretende fechar
aliança com o PL já no primeiro
turno, tendo o senador José Alencar possivelmente como seu candidato a vice-presidente.
Essa possibilidade de aliança
com setores de centro contempla
também acordos com segmentos
do PMDB, do PPS e, eventualmente, até mesmo do PTB.
Radicais
O recuo que retirou do texto a
menção explícita ao PL ocorreu
porque esse ponto é um dos mais
polêmicos no partido. As alas "radicais" se mostram contrárias à
aliança com o Partido Liberal, que
classificam como sendo de direita. Mais de um terço da bancada
federal da legenda é composta,
por deputados ligados a igrejas
evangélicos -a maioria da Igreja
Universal do Reino de Deus.
Além disso, não vêem com simpatia a possibilidade de um empresário ser candidato a vice do
petista, pois avaliam que seria
uma mensagem com "sinais errados" enviada à população.
O PL é também partido de Luiz
Antonio de Medeiros, um dos
fundadores da Força Sindical,
presidente do diretório paulista
do partido e tradicional adversário dos sindicalistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores),
em sua maior parte vinculados ao
PT. Na votação do projeto que altera a CLT (Consolidação das Leis
do Trabalho), por exemplo, Medeiros votou com o governo federal -e contra a oposição.
Avaliação crítica
A Articulação, principal tendência petista, que possui cerca de
60% dos votos, não aceitou incluir
uma ressalva no texto sobre as legendas que venham a compor a
aliança com o PT.
A parte do texto rejeitado dizia:
"A necessária amplitude nas
alianças não deve excluir uma
avaliação crítica a respeito da
composição de alguns partidos,
cujos mandatos majoritários e/ou
proporcionais, pelo seu passado,
podem criar dúvidas no eleitorado, seja pelo aspecto programático, seja pela postura ética que se
espera do PT".
"Foi uma emenda importante
porque não fecha a porta da aliança com o PL e deixa o diretório
nacional decidir", diz Francisco
Campos, um dos autores da
emenda, pertencente à corrente
centrista PT de Luta e de Massa.
"Não é hora de dar nome aos
bois. Para que dizer agora com
quem se aliar e com quem não se
aliar?", disse o deputado federal
Ricardo Berzoini (SP).
Outra proposta derrotada,
apresentada pelo ex-presidente
do diretório gaúcho do PT Júlio
Quadros, defendia que o partido
só fizesse alianças com partidos
de centro no segundo turno.
Como o grupo de Lula tem
maioria também no diretório nacional, a aprovação da aliança
com o PL deve ser aprovada, já
que é uma das exigências de Lula
para aceitar ser candidato a presidente pela quarta vez consecutiva.
No encontro de ontem, foi
aprovada também uma moção
contrária à integração do Brasil à
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas), em um eventual governo petista. Essa posição já vinha sendo defendida por Lula.
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