São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2001

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RUMO A 2002

Decisão ficará para a direção nacional, que deve aprovar coligação

PT quer aliança com centro, mas suprime menção ao PL

FÁBIO ZANINI
PLÍNIO FRAGA
ENVIADOS ESPECIAIS A OLINDA

O PT aprovou ontem, em seu encontro nacional, a possibilidade de uma "aliança ampla, com as forças políticas da esquerda e do centro que estejam em oposição a Fernando Henrique Cardoso e às políticas neoliberais".
A menção explícita ao "PL do [senador mineiro" José Alencar", que constava do texto original produzido pelo presidente nacional do partido, José Dirceu, foi suprimida na votação de ontem.
O plenário do encontro também transferiu para o diretório nacional a decisão sobre com quais legendas o PT irá se coligar para a campanha à Presidência da República em 2002.
Na prática, é mais um passo para a confirmar a candidatura do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende fechar aliança com o PL já no primeiro turno, tendo o senador José Alencar possivelmente como seu candidato a vice-presidente.
Essa possibilidade de aliança com setores de centro contempla também acordos com segmentos do PMDB, do PPS e, eventualmente, até mesmo do PTB.

Radicais
O recuo que retirou do texto a menção explícita ao PL ocorreu porque esse ponto é um dos mais polêmicos no partido. As alas "radicais" se mostram contrárias à aliança com o Partido Liberal, que classificam como sendo de direita. Mais de um terço da bancada federal da legenda é composta, por deputados ligados a igrejas evangélicos -a maioria da Igreja Universal do Reino de Deus.
Além disso, não vêem com simpatia a possibilidade de um empresário ser candidato a vice do petista, pois avaliam que seria uma mensagem com "sinais errados" enviada à população.
O PL é também partido de Luiz Antonio de Medeiros, um dos fundadores da Força Sindical, presidente do diretório paulista do partido e tradicional adversário dos sindicalistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em sua maior parte vinculados ao PT. Na votação do projeto que altera a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), por exemplo, Medeiros votou com o governo federal -e contra a oposição.

Avaliação crítica
A Articulação, principal tendência petista, que possui cerca de 60% dos votos, não aceitou incluir uma ressalva no texto sobre as legendas que venham a compor a aliança com o PT.
A parte do texto rejeitado dizia: "A necessária amplitude nas alianças não deve excluir uma avaliação crítica a respeito da composição de alguns partidos, cujos mandatos majoritários e/ou proporcionais, pelo seu passado, podem criar dúvidas no eleitorado, seja pelo aspecto programático, seja pela postura ética que se espera do PT".
"Foi uma emenda importante porque não fecha a porta da aliança com o PL e deixa o diretório nacional decidir", diz Francisco Campos, um dos autores da emenda, pertencente à corrente centrista PT de Luta e de Massa.
"Não é hora de dar nome aos bois. Para que dizer agora com quem se aliar e com quem não se aliar?", disse o deputado federal Ricardo Berzoini (SP).
Outra proposta derrotada, apresentada pelo ex-presidente do diretório gaúcho do PT Júlio Quadros, defendia que o partido só fizesse alianças com partidos de centro no segundo turno.
Como o grupo de Lula tem maioria também no diretório nacional, a aprovação da aliança com o PL deve ser aprovada, já que é uma das exigências de Lula para aceitar ser candidato a presidente pela quarta vez consecutiva.
No encontro de ontem, foi aprovada também uma moção contrária à integração do Brasil à Alca (Área de Livre Comércio das Américas), em um eventual governo petista. Essa posição já vinha sendo defendida por Lula.



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