São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2001

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Direção monta estratégia para esvaziar prévia

DO ENVIADO ESPECIAL A OLINDA

DA AGÊNCIA FOLHA, EM OLINDA

No mesmo dia em que o presidente nacional do PT, José Dirceu, confirmou oficialmente a realização da prévia para escolher o candidato do partido à Presidência da República, a cúpula da legenda definiu a forma pela qual a disputa será esvaziada.
"O partido que criamos com suor e lágrimas vai respeitar seu estatuto e realizar as prévias no dia marcado", declarou ontem Dirceu, na abertura do 12º Encontro Nacional do PT, em Olinda (PE), que vai até amanhã.
O dia marcado é 3 de março do ano que vem. A prévia deverá reunir o senador Eduardo Suplicy (já inscrito), Luiz Inácio Lula da Silva (que deve ser inscrito "à revelia" pelo diretório nacional até amanhã) e possivelmente o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, da ala radical do partido.
A estratégia para tirar importância da prévia, instrumento que não tem a menor simpatia da cúpula pró-Lula, consiste na postergação da definição das regras.
Os debates internos começarão somente após haver uma reunião do diretório nacional do partido, o que deve ficar somente para a segunda quinzena de janeiro. Será quando o PT dirá quantos debates serão feitos, que tipo de apoio material cada candidato receberá, entre outros itens práticos. Os itens poderiam ser objeto de uma reunião do diretório nacional que deve ocorrer hoje, mas as prévias não estão na pauta.
Haverá, assim, pouco mais de um mês para que Lula, Suplicy e eventualmente Rodrigues possam debater. No meio do período, o recesso do Carnaval deve esfriar ainda mais as coisas. O senador defendia que fossem três meses de campanha interna.
A manobra da cúpula partidária tem origem no receio de que a campanha interna seja um processo desgastante para o PT e para sua imagem. O próprio Lula tem dito ao partido que preferiria se concentrar na estratégia eleitoral a perder tempo com uma disputa de resultado já conhecido.
Segundo o deputado José Genoino, o PT vai garantir a realização de debates, apesar do tempo exíguo. "Podemos fazer por teleconferência", disse.
Como esperado, a oposição interna ao grupo de Lula reagiu com irritação. "Definir a regra da prévia no meio de janeiro é brincadeira. Não há tempo útil para realizar debates em todos as regiões", diz o deputado Ivan Valente, apoiador de Rodrigues. Rodrigues ameaça desistir da disputa se ela for mesmo esvaziada.
Já o senador Suplicy declarou que, independentemente do que decidir o diretório, começará imediatamente a "percorrer o país fazendo palestras". "Com a exposição maior a partir de agora, tenho a convicção de que o apoio também será maior. Serei um páreo difícil para Lula", disse.
(FÁBIO ZANINI e FÁBIO GUIBU)

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