São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2001

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RUMO A 2002

Afirmação é crítica indireta à oposição; CUT distribui 20 mil folhetos em protesto contra visita do presidente

FHC diz que "chorões" ficarão isolados

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUBATÃO

SANDRA BRASIL
ENVIADA ESPECIAL A CUBATÃO

Numa crítica indireta à oposição, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que os "pessimistas" e os "chorões" ficarão isolados porque a sociedade, segundo ele, "em vez de chorar, atua".
O comentário foi feito ontem, em discurso depois da inauguração de uma nova unidade de produção de aço da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), em Cubatão (SP).
"Os pessimistas, os chorões, que ficam sempre imaginando que o Brasil é um país que não avança, que é uma terra onde se desperdiça o tempo, onde os privilégios se mantêm, vão ficar isolados", declarou o presidente.
De acordo com FHC, o Brasil sempre teve "núcleos de excelência" -entre os quais mencionou a Cosipa-, mas atualmente tem como desafio "generalizar" esses núcleos. Para o presidente, isso só ocorrerá por meio da ampliação do acesso à educação, à saúde e ao emprego.
FHC chegou de helicóptero, acompanhado dos ministros José Jorge (Minas e Energia), Sergio Amaral (Desenvolvimento) e Pimenta da Veiga (Comunicações). Também participou do evento o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
De capacete amarelo, eles visitaram as novas instalações da usina, e o presidente acionou simbolicamente o botão de comando dos equipamentos.
Enquanto a solenidade transcorria, manifestantes da seção da CUT (Central Única dos Trabalhadores) distribuíram 20 mil folhetos em uma manifestação de protesto no centro da cidade contra a visita do presidente a Cubatão. O presidente saiu sem falar com os jornalistas e retornou a Brasília logo depois do evento.

Alca
No discurso, Fernando Henrique Cardoso defendeu a posição de somente negociar no âmbito da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) acordos de interesse do país. "Negociações comerciais não podem ser confundidas com negociação de soberania. Soberania não se negocia, se exerce", declarou FHC.
O presidente afirmou que, nos últimos dez anos, houve uma "transformação industrial gritante", que inverteu a pauta de exportações brasileiras.
"Aqueles que se esfalfaram de fazer discursos retóricos e escrever na imprensa que a nossa indústria estava sendo sucateada deveriam olhar as estatísticas e ver que 52% dos produtos exportados pelo Brasil são manufaturados. Como seria possível uma indústria sucateada exportar em nível global para um mercado cada vez mais exigente?"
Alckmin fez coro com o presidente em relação aos limites externos para as exportações brasileiras. "É inaceitável o protecionismo ou outras formas de barrar o caminho dos nossos produtos", afirmou. Alckmin ainda classificou FHC como "estadista" e falou sobre a atuação social do governo federal, que, segundo ele, produziu a "maior rede de proteção social dos seus tempos".
Privatizada em 1993, a Cosipa pertence ao grupo Usiminas. A nova unidade custou US$ 170 milhões e finalizou o plano de investimentos da empresa, que consumiu, em seis anos, US$ 1,1 bilhão. Parte desses recursos foram financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).


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