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RUMO A 2002
Afirmação é crítica indireta à oposição; CUT distribui 20 mil folhetos em protesto contra visita do presidente
FHC diz que "chorões" ficarão isolados
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUBATÃO
SANDRA BRASIL
ENVIADA ESPECIAL A CUBATÃO
Numa crítica indireta à oposição, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem
que os "pessimistas" e os "chorões" ficarão isolados porque a
sociedade, segundo ele, "em vez
de chorar, atua".
O comentário foi feito ontem,
em discurso depois da inauguração de uma nova unidade de produção de aço da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), em
Cubatão (SP).
"Os pessimistas, os chorões, que
ficam sempre imaginando que o
Brasil é um país que não avança,
que é uma terra onde se desperdiça o tempo, onde os privilégios se
mantêm, vão ficar isolados", declarou o presidente.
De acordo com FHC, o Brasil
sempre teve "núcleos de excelência" -entre os quais mencionou
a Cosipa-, mas atualmente tem
como desafio "generalizar" esses
núcleos. Para o presidente, isso só
ocorrerá por meio da ampliação
do acesso à educação, à saúde e ao
emprego.
FHC chegou de helicóptero,
acompanhado dos ministros José
Jorge (Minas e Energia), Sergio
Amaral (Desenvolvimento) e Pimenta da Veiga (Comunicações).
Também participou do evento o
governador paulista Geraldo
Alckmin (PSDB).
De capacete amarelo, eles visitaram as novas instalações da usina,
e o presidente acionou simbolicamente o botão de comando dos
equipamentos.
Enquanto a solenidade transcorria, manifestantes da seção da
CUT (Central Única dos Trabalhadores) distribuíram 20 mil folhetos em uma manifestação de
protesto no centro da cidade contra a visita do presidente a Cubatão. O presidente saiu sem falar
com os jornalistas e retornou a
Brasília logo depois do evento.
Alca
No discurso, Fernando Henrique Cardoso defendeu a posição
de somente negociar no âmbito
da Alca (Área de Livre Comércio
das Américas) acordos de interesse do país. "Negociações comerciais não podem ser confundidas
com negociação de soberania. Soberania não se negocia, se exerce", declarou FHC.
O presidente afirmou que, nos
últimos dez anos, houve uma
"transformação industrial gritante", que inverteu a pauta de exportações brasileiras.
"Aqueles que se esfalfaram de
fazer discursos retóricos e escrever na imprensa que a nossa indústria estava sendo sucateada
deveriam olhar as estatísticas e
ver que 52% dos produtos exportados pelo Brasil são manufaturados. Como seria possível uma indústria sucateada exportar em nível global para um mercado cada
vez mais exigente?"
Alckmin fez coro com o presidente em relação aos limites externos para as exportações brasileiras. "É inaceitável o protecionismo ou outras formas de barrar
o caminho dos nossos produtos",
afirmou. Alckmin ainda classificou FHC como "estadista" e falou
sobre a atuação social do governo
federal, que, segundo ele, produziu a "maior rede de proteção social dos seus tempos".
Privatizada em 1993, a Cosipa
pertence ao grupo Usiminas. A
nova unidade custou US$ 170 milhões e finalizou o plano de investimentos da empresa, que consumiu, em seis anos, US$ 1,1 bilhão.
Parte desses recursos foram financiados pelo BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
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