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PT NO DIVÃ
Para presidente do partido, expulsões cessam corrosão interna e reiteram fortalecimento em defesa do governo
Não há o que comemorar, afirma Genoino
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Comandante de todo o processo
que resultou na expulsão dos quatro radicais, o presidente nacional
do PT, José Genoino, afirma que
essa foi uma decisão que não deu
motivos para comemoração.
Mas, apesar de todo o desgaste, o
partido sai mais forte e mais unido na defesa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Foi uma decisão que a gente
não comemora", afirmou Genoino após a reunião do Diretório
Nacional. "Mas o PT é um partido
que sempre se fortaleceu nas crises", disse.
"O que poderia prejudicar [o
PT] era um processo interno de
corrosão infinita, de uma luta interna que vai sangrando o partido
e vai destruindo as relações de
companheirismo com ataques
pessoais, com gestos de indisciplina, sem respeitar as instâncias
partidárias."
Genoino diz ter tentado um
"acordo de repactuação" com os
radicais até o último momento,
mas não houve interlocução.
"Respeito muito a coerência do
Babá e da Luciana, queria que eles
trilhassem o caminho do PT, mas
eles fizeram outra opção", disse.
Folha - Quais as consequências no
futuro do PT desse desgastante
processo que resultou na expulsão
dos radicais?
José Genoino - O partido sofreu.
Era preferível que não tivesse chegado a esse ponto. O PT fez tudo o
que estava a seu alcance para repactuar com os parlamentares.
Fizemos três acordos que foram
rompidos unilateralmente. Se eles
reavaliassem publicamente a maneira de se relacionar com o PT,
poderiam ter ficado.
Portanto, foi uma decisão necessária, que o partido aprende
com ela. Temos que melhorar a
maneira de nos relacionarmos
com o governo. Não queremos
aplicar a política de rolo compressor. Nós somos um partido, portanto precisamos ter a unidade de
ação, com a diversidade de opinião e o direito à crítica. Acho que
todos vamos aprender com esse
episódio.
Folha - O partido sai enfraquecido desse processo?
Genoino - Acho que foi traumático, mas o partido não sai enfraquecido. O que poderia prejudicar era um processo interno de
corrosão infinita, de uma luta interna que vai sangrando o partido, vai destruindo as relações de
companheirismo com ataques
pessoais, com gestos de indisciplina, sem respeitar as instâncias
partidárias. Na medida que o PT é
um partido grande, isso viraria regra. O PT deixaria de ser um partido e viraria um aglomerado.
Folha - Ficou no PT um grupo de
cerca de 30 deputados que contesta várias políticas do governo. Haverá novos embates?
Genoino - O PT foi extremamente lúcido ao fazer uma negociação
com os oito parlamentares que se
abstiveram na reforma da Previdência e houve apenas a suspensão dos direitos na bancada. Porque eles têm diálogo e compromisso. O que estava impedindo a
bancada de funcionar era um clima de guerra permanente. Não se
fazia acordo de nada. Portanto,
acho que vamos criar um clima de
debate. Vamos levar em conta as
opiniões desses companheiros. O
projeto é deles também.
Folha - Fica a impressão de que o
partido mudou e puniu seus militantes por isso.
Genoino - Em primeiro lugar,
não foi o PT que mudou. Sempre
defendemos uma Previdência pública com um piso de um salário
mínimo e teto de dez salários mínimos. O PT sempre defendeu
uma Previdência complementar
fechada administrada paritariamente. O PT sempre defendeu teto no plano federal e no plano estadual.
O único ponto que o PT não tinha posição era na cobrança dos
inativos, mas fechamos a questão
no Diretório Nacional. Outros
projetos que votamos no Congresso tiveram a marca do PT, como o Estatuto do Desarmamento
e a Lei de Falências.
Folha - Pessoalmente e politicamente, qual dos quatro parlamentares que foram expulsos hoje fará
mais falta ao PT?
Genoino - Todo militante e todo
filiado faz falta ao partido. Essa
decisão a gente não comemora,
porque todos deveriam ficar no
PT. Respeito muito a coerência do
Babá e da Luciana, queria que eles
trilhassem o caminho do PT, mas
eles fizeram outra opção. Nós
continuaremos nos respeitando,
tratando todos de companheiros
e companheiras. O PT sempre foi
um partido que se fortaleceu nas
crises.
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