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PORTEIRA FECHADA
Manifestantes entoaram jingles para fustigar o PT e tentaram forçar sua entrada em hotel
Protesto inclui foguetes e fumaça vermelha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DOS ENVIADOS ESPECIAIS
Com a ajuda de dois carros de
som, um grupo de no máximo
50 militantes garantiu o ritmo da
torcida pró-radicais. Diante do
hotel no qual foi votada a expulsão dos quatro parlamentares
petistas, a torcida estourou foguetes e bombas de fumaça vermelha, entoou jingles com temas
incômodos ao PT e, de quebra,
protagonizou um tumulto com a
segurança do evento.
Concentrados na frente do hotel à espera da senadora Heloísa
Helena, os militantes aqueceram
a garganta com um jingle destinado ao presidente do PT, José
Genoino: "Genoino é um bom
companheiro, ninguém pode
negar, ninguém pode negar, senão ele manda expulsar".
Depois foi a vez do ministro da
Casa Civil, José Dirceu. "Stalin
não morreu. Ele encarnou no Zé
Dirceu", cantavam, referindo-se
ao ditador comunista Josef Stalin (1879-1953), que perseguia e
assassinava inimigos políticos.
A investigação sobre o governador de Roraima, Flamarion
Portela, por conta do "escândalo
dos gafanhotos" no Estado, também foi lembrada: "Flamarion,
cara-de-pau, gafanhoto é seu cabo eleitoral". Ele está afastado do
PT há três dias.
Sorridentes, os deputados Babá (PA) e Luciana Genro (RS)
foram os primeiros a chegar. O
paraense levou o filho mais novo, Thiago, 3. O garoto usava um
boné com a inscrição "Radical" e
uma camiseta vermelha na qual
estava escrito "Papai é radical".
Última dos radicais a chegar
-e também a mais festejada-,
a senadora Heloísa Helena foi
carregada por manifestantes em
frente ao hotel.
Em cima de um carro de som,
Helena fez seu primeiro discurso
do dia. "Não estou a serviço dos
palácios, da casa grande. Estou a
serviço da plebe, da senzala."
Acompanhada pela torcida, a
senadora seguiu para o local da
votação. Ao passar pela porta
principal do hotel, a segurança
baixou a cancela, na tentativa de
impedir a entrada dos manifestantes. A barra de ferro acabou
atingindo o nariz da senadora,
que ficou roxo e sangrou.
O grupo, composto por militantes do Rio Grande do Sul, Rio
de Janeiro, Goiás e Alagoas, chegou a empurrar as portas de vidros para forçar a entrada no hotel. Em reprimenda, a segurança
isolou a porta, impedindo até a
entrada de hóspedes.
Diante da entrada isolada,
uma faixa lembrava os petistas
de um outro assunto incômodo
ao partido. "PT, ilumine as sobras de Santo André. Deixe Heloísa Helena e os radicais em
paz", numa referência à investigação sobre o assassinato do
prefeito Celso Daniel.
O deputado Professor Luizinho (SP), um dos vice-líderes do
governo na Câmara, que votou
pela expulsão dos colegas parlamentares, caracterizou a ocasião
como um "momento grande do
PT", também foi saudado pelos
manifestantes. Saindo do hotel,
foi alvejado na cabeça por um
cone sinalizador de trânsito, atirado por um militante.
A sofisticação do hotel, no qual
uma diária custa R$ 230, contrastava com uma restrição prosaica imposta pelo partido. O
PT, que gastou R$ 150 mil com o
evento, pediu a jornalistas que
devolvessem os seus crachás,
"para usar em outras ocasiões",
justificaram os assessores encarregados do recolhimento.
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