UOL

São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PORTEIRA FECHADA

Manifestantes entoaram jingles para fustigar o PT e tentaram forçar sua entrada em hotel

Protesto inclui foguetes e fumaça vermelha

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DOS ENVIADOS ESPECIAIS

Com a ajuda de dois carros de som, um grupo de no máximo 50 militantes garantiu o ritmo da torcida pró-radicais. Diante do hotel no qual foi votada a expulsão dos quatro parlamentares petistas, a torcida estourou foguetes e bombas de fumaça vermelha, entoou jingles com temas incômodos ao PT e, de quebra, protagonizou um tumulto com a segurança do evento.
Concentrados na frente do hotel à espera da senadora Heloísa Helena, os militantes aqueceram a garganta com um jingle destinado ao presidente do PT, José Genoino: "Genoino é um bom companheiro, ninguém pode negar, ninguém pode negar, senão ele manda expulsar".
Depois foi a vez do ministro da Casa Civil, José Dirceu. "Stalin não morreu. Ele encarnou no Zé Dirceu", cantavam, referindo-se ao ditador comunista Josef Stalin (1879-1953), que perseguia e assassinava inimigos políticos.
A investigação sobre o governador de Roraima, Flamarion Portela, por conta do "escândalo dos gafanhotos" no Estado, também foi lembrada: "Flamarion, cara-de-pau, gafanhoto é seu cabo eleitoral". Ele está afastado do PT há três dias.
Sorridentes, os deputados Babá (PA) e Luciana Genro (RS) foram os primeiros a chegar. O paraense levou o filho mais novo, Thiago, 3. O garoto usava um boné com a inscrição "Radical" e uma camiseta vermelha na qual estava escrito "Papai é radical".
Última dos radicais a chegar -e também a mais festejada-, a senadora Heloísa Helena foi carregada por manifestantes em frente ao hotel.
Em cima de um carro de som, Helena fez seu primeiro discurso do dia. "Não estou a serviço dos palácios, da casa grande. Estou a serviço da plebe, da senzala."
Acompanhada pela torcida, a senadora seguiu para o local da votação. Ao passar pela porta principal do hotel, a segurança baixou a cancela, na tentativa de impedir a entrada dos manifestantes. A barra de ferro acabou atingindo o nariz da senadora, que ficou roxo e sangrou.
O grupo, composto por militantes do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Goiás e Alagoas, chegou a empurrar as portas de vidros para forçar a entrada no hotel. Em reprimenda, a segurança isolou a porta, impedindo até a entrada de hóspedes.
Diante da entrada isolada, uma faixa lembrava os petistas de um outro assunto incômodo ao partido. "PT, ilumine as sobras de Santo André. Deixe Heloísa Helena e os radicais em paz", numa referência à investigação sobre o assassinato do prefeito Celso Daniel.
O deputado Professor Luizinho (SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara, que votou pela expulsão dos colegas parlamentares, caracterizou a ocasião como um "momento grande do PT", também foi saudado pelos manifestantes. Saindo do hotel, foi alvejado na cabeça por um cone sinalizador de trânsito, atirado por um militante.
A sofisticação do hotel, no qual uma diária custa R$ 230, contrastava com uma restrição prosaica imposta pelo partido. O PT, que gastou R$ 150 mil com o evento, pediu a jornalistas que devolvessem os seus crachás, "para usar em outras ocasiões", justificaram os assessores encarregados do recolhimento.


Texto Anterior: Não há o que comemorar, afirma Genoino
Próximo Texto: A história nos julgará, diz Cristovam
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.