|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A história nos julgará, diz Cristovam
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Tanto os favoráveis quanto os
contrários à expulsão dos petistas
diziam na saída do encontro que
o processo foi "doído", palavra de
uso recorrente. Cristovam Buarque (Educação), único ministro a
falar no encontro, disse que a história julgará quem está certo.
"Se o governo mostrar que fizemos isso para avançar, cumprir
aquilo que prometemos na campanha, a história vai mostrar que
estamos certos. Agora, se houver
um desvio, se não cumprirmos
nossos compromissos históricos,
isso pode mostrar que eles é que
estavam certos", declarou o ministro da Educação.
O ministro disse ter feito questão de se inscrever para defender
as expulsões, acrescentando
achar que não havia sentido manter uma união artificial dentro do
partido. "Vão ficar falando sobre
esse encontro durante dez, 20
anos. Vocês não estão fazendo
jornalismo, estão escrevendo a
história", disse aos repórteres.
Dirceu x Suplicy
Um exemplo da divisão entre os
governistas e os esquerdistas do
PT se deu durante a intervenção
do senador Eduardo Suplicy (SP),
que tentava uma derradeira salvação da senadora Heloísa Helena.
Ele se dirigiu ao ministro José
Dirceu (Casa Civil) e disse que pedia o perdão à senadora como
forma de ajudar o próprio partido
e, no geral, o governo. "Me deixe
fora disso", disse o ministro, segundo relato do senador e de outras pessoas ouvidas.
Coube ao líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (SP),
responder negativamente, pela
última vez, a Suplicy. "O que não
pode é eles [os quatro parlamentares expulsos ontem] se juntarem à direita para derrubar um
governo popular", afirmou Mercadante, segundo relato de presentes ao encontro.
O senador Eduardo Suplicy se
insurgiu contra a ameaça de que
não votaria ontem, já que não era
oficialmente integrante do Diretório Nacional. Depois de dizer
que isso se assemelhava ao AI-5,
ato institucional de 1968 que marcou o endurecimento do regime
militar (1964-1985), o senador obteve a vaga do deputado Zezéu Ribeiro (BA), que integra a ala majoritária. "Não aguentava mais,
não queria nem ter ficado para a
votação", disse o deputado federal Wasny de Roure (DF), momentos após sair do auditório do
hotel onde ocorreu a reunião.
"A convivência se tornou impossível, eles viviam afirmando
que nós abandonamos nossos
princípios. Com tanta divergência, quem teria que ir embora: o
PT ou eles?", afirmou o deputado
Professor Luizinho (SP). O deputado se notabilizou por integrar a
chamada tropa de choque pela
defesa dos projetos de reforma do
governo no Congresso.
Texto Anterior: Porteira fechada: Protesto inclui foguetes e fumaça vermelha Próximo Texto: Pró-governo: "Expulsão é ato de fortalecimento" Índice
|