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CASO SANTO ANDRÉ
Advogados de empresário decidem esperar julgamento do habeas corpus e querem fim do sigilo do processo
Defesa desiste de recorrer de prisão de Gomes
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Sérgio Gomes da
Silva -denunciado como um
dos mandantes do assassinato de
Celso Daniel (PT), então prefeito
de Santo André, em janeiro de
2002- deverá passar o Natal e o
Ano Novo numa cela com outros
11 presos na cadeia pública de Juquitiba (Grande São Paulo).
Seus advogados afirmaram que
não irão recorrer da prisão preventiva decretada contra Gomes
da Silva na última quinta-feira. O
pedido de habeas corpus impetrado pela defesa para libertar o empresário poderá demorar, na melhor das hipóteses, pelo menos 20
dias até ser julgado pelo Tribunal
de Justiça de São Paulo.
"Vamos esperar a decisão do
tribunal. Por enquanto, não cabem mais recursos", afirmou o
defensor Adriano Vanni.
A cela onde está o empresário
abriga presos considerados de
baixa periculosidade, em sua
maioria detidos por crimes administrativos, como falta de pagamento de pensão alimentícia.
Após uma visita de aproximadamente 30 minutos na cadeia, os
advogados de Sérgio Gomes da
Silva afirmaram que seu cliente
confia na Justiça e em provar sua
inocência sobre o caso.
O crime começou na noite de 18
de janeiro do ano passado, quando o prefeito voltava de um jantar
com Gomes da Silva. Daniel foi
sequestrado após três carros interceptarem a Pajero em que estava. Dois dias depois, o prefeito foi
encontrado morto a tiros e com
sinais de tortura em uma estrada
de terra em Juquitiba.
Na denúncia, os promotores
criminais de Santo André acusam
Gomes da Silva de ter contratado
a quadrilha e simulado o sequestro. Com a morte de Daniel, o empresário poderia manter um suposto esquema de corrupção na
Prefeitura de Santo André, argumentam os promotores.
Transparência
O único instrumento jurídico a
que os dois advogados do empresário, Adriano Vanni e Roberto
Podval, pretendem recorrer por
enquanto é um pedido de quebra
de sigilo do processo -o bloqueio havia sido solicitado por
eles no início das investigações
para preservar o cliente do vazamento de informações.
Os advogados, no entanto, afirmaram que, apesar do sigilo imposto judicialmente, declarações
sigilosas continuaram sendo repassadas à imprensa.
Segundo Podval e Vanni, o
acesso livre ao processo irá beneficiar Gomes da Silva, já que, para
eles, a Promotoria não tem provas
do envolvimento do empresário
no assassinato de Daniel.
Antes de pedir a quebra do sigilo, a defesa irá analisar o inteiro
teor do processo que corre contra
Gomes da Silva por homicídio triplamente qualificado. Os advogados pretendem ir hoje a Juquitiba
para retirar uma cópia integral do
processo.
"Mas o nosso entendimento é
de pedir a quebra do sigilo das investigações", afirmou Podval.
A família de Celso Daniel já havia feito o mesmo pedido ao juiz
da 1ª Vara da Comarca de Juquitiba, Luiz Fernando Migliori Prestes, na semana passada. Sob a alegação de que o caso envolve outras investigações paralelas, o juiz
estadual não deferiu o pedido dos
familiares.
A Promotoria criminal de Santo
André, que denunciou o empresário, informou que a apuração
sobre o assassinato de Celso Daniel irá prosseguir. Os promotores acreditam que Gomes da Silva
não foi o único a arquitetar a morte do prefeito. Para eles, outros
nomes poderão surgir no decorrer das investigações.
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