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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE
Prefeito de Bogotá apóia reeleição do presidente brasileiro, para quem não é possível consertar "séculos de erros com mandato de quatro anos"
Preconceito faz "luta ser dura", diz Lula
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
Em sua primeira visita de Estado à Colômbia, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou ontem que "a luta é muito dura,
muito difícil", porque enfrenta
"todo tipo de preconceito".
Lula leu um discurso de cerca de
dez minutos na Prefeitura de Bogotá e depois improvisou.
Após ter dito alguns meses atrás
que foi "traído", ontem o presidente Lula seguiu um caminho
oposto e falou que teve "uma surpresa agradável". "Muita gente de
quem não esperávamos apoio nos
apoiaram", disse.
Como o presidente Lula não
concedeu entrevistas até a conclusão desta edição, não foi possível
saber exatamente de onde, ou de
quem, veio essa "surpresa".
Reeleição
Considerado de esquerda, o
prefeito de Bogotá, Luís Eduardo
Garzón, afirmou que apóia "plenamente" a reeleição de Lula e
que está "convencido de que sua
campanha e seu governo são supremamente importantes e significativos".
"Não consertaremos séculos de
erros com um mandato de quatro
anos", afirmou o presidente, de
improviso.
Ele ainda não assumiu definitivamente sua candidatura à reeleição no próximo ano.
Lula fez a declaração depois de
enumerar pontos positivos de seu
governo, como os ganhos nas renegociações salariais.
O presidente viajou à Colômbia
acompanhado do ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos,
do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e de outras autoridades.
O objetivo da visita é firmar
acordos de cooperação entre os
dois países, especialmente na área
de segurança e policiamento de
fronteira.
Essa viagem estava previamente
marcada para o mês de junho,
mas a eclosão da crise com o escândalo do "mensalão" fez com
que a visita fosse adiada.
Lula teve um encontro reservado com o presidente colombiano,
Álvaro Uribe, que vai se candidatar à reeleição no ano que vem
-com a diferença de que, diferentemente do brasileiro, Uribe
goza de apoio de cerca de 70% e
deve ganhar com facilidade.
"Responsabilidade maior"
Citando seu passado de dirigente sindical, Lula afirmou que existe um peso maior que o dos outros sobre ele por ter cobrado
muito quando representava os
trabalhadores, no passado.
"Quando um sindicalista passa
para a política e ganha o governo
de uma cidade, de um Estado ou
de um país, a responsabilidade
colocada em suas costas certamente é maior do que a de qualquer outro político por uma única
razão: porque passamos grande
parte de nossa vida fazendo pauta
de reivindicações e cobrando dos
governantes que fizessem aquilo
que entendíamos ser correto",
comparou o presidente.
"Estamos escolhendo a pedra
correta, a terra correta, o cimento
correto para mostrar que é possível edificar uma América do Sul e
uma América Latina mais desenvolvida, mais próspera", afirmou
Lula, mesmo admitindo que ainda faltam avanços.
Aplaudido, disse que seu governo é "para aqueles que apenas tinham o direito de gritar que estavam com fome, mas não tinham o
direito de comer".
Ao citar que vai encerrar este
ano com 8,7 milhões de famílias
beneficiadas pelo programa Bolsa-Família, afirmou que essas
pessoas "passaram a conquistar o
direito de dizer a nós governantes,
finalmente: "Alguém lembrou que
eu existo depois das eleições'".
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