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Fazenda critica o aumento; Lula silencia
Mantega diz que "reajuste tem que ser regrado, senão vamos gastar todos os recursos públicos com folha de pagamento"
Presidente não comenta o reajuste, mas faz elogios aos congressistas por terem aprovado "praticamente todas as coisas importantes"
Luciano Coca/Chromafotos
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Manifestante representa político com mala de dinheiro em protesto contra o aumento salarial de deputados federais e senadores que reuniu cerca de 50 pessoas em São José dos Campos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) foi uma voz solitária
no governo ao criticar ontem o
reajuste de 91% que deputados
e senadores se auto-concederam e brincou dizendo que faria greve para reajustar seus
próprios vencimentos, congelados há oito anos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Paulo
Bernardo (Planejamento), deputado até o fim do ano (não será afetado pela medida), ficaram em silêncio. "Reajuste tem
que ser regrado, senão vamos
gastar todos os recursos públicos com folha de pagamento.
Acho que temos que ter cuidado com aumentos de folha de
pessoal, especialmente os
maiores salários", disse Guido.
"Eu não defenderia [equiparação de ministros com o Congresso], porque me parece que,
para nós ministros, seria excessivo ter um salário dessa magnitude. Se bem que gostaria
muito de receber esse salário. O
nosso é de R$ 8.580 e continua
congelado. Qualquer dia eu faço uma greve para aumentar o
meu salário. Já imaginou eu fazendo greve com o [Luiz Fernando] Furlan?", brincou.
Mantega se disse surpreendido pelo aumento. Ele esperava
que o Congresso repusesse a inflação, mas reconheceu que a
decisão dos parlamentares está
dentro da lei e não cabe apenas
discutir se é justa ou não.
O ministro defendeu mais
uma vez a proposta que será incluída no pacote de medidas
para o crescimento econômica
de estabelecer regras para o aumento dos salários dos três Poderes. Se o reajuste tivesse se limitado à reposição da inflação,
não teria sido superior a 25%.
O presidente Lula reagiu
com irritação quando perguntado por repórteres sobre a decisão do Congresso: "Minha filha, não sei. Você me faz pergunta de coisa que eu não sei o
que aconteceu", respondeu o
presidente numa rápida entrevista após a cerimônia de sanção da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, ontem, no
Palácio do Planalto.
Paulo Bernardo foi ainda
mais enfático na negativa de
tratar do assunto. "Não entro
nessa discussão. Nós temos que
ver como é que vai ser o orçamento do Congresso como um
todo. Não discuto assunto interno do Congresso", disse.
Lula, que não quis falar sobre
o reajuste, foi porém generoso
nos elogios ao Congresso: "Estou tão feliz que Câmara dos
Deputados e Senado Federal
deram demonstração que
quando o assunto é bom não
tem coloração partidária, não
tem viés ideológico. As pessoas
votam o que acham que tem
que ser votado", disse ele sobre
a lei das microempresas.
Lula também citou outros
projetos de interesse do governo que foram apreciados pelo
Congresso: o Fundeb, que aumenta os recursos para educação, e o reajuste do salário mínimo para R$ 375 em 2007. "O
Congresso votou praticamente
todas as coisas importantes que
caíram no Congresso depois do
debate, que tinha que ser feito.
É melhor assim do que no tempo em que as coisas eram votadas sem ter nenhum debate. A
democracia tem seus defeitos
mas não existe nada, nada melhor".
(LEANDRA PERES, HUMBERTO MEDINA E SHEILA D'AMORIM)
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