São Paulo, Domingo, 16 de Janeiro de 2000


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PAINEL

Se ficar quieto, é

Lula está propenso a definir em breve se será candidato a presidente em 2002. Sabe que, se não o fizer logo, será o postulante do PT por gravidade. Anda consultando as pessoas mais próximas para tomar a decisão. Se não quiser, vai anunciá-la.


Vendo se cola

Com o fôlego que Elcio Alvares ganhou no Ministério da Defesa, FHC voltou a acalentar um velho sonho: pôr Marco Maciel na pasta. O vice-presidente resiste. O PFL também.

Mania de perseguição

Covas tem dito que FHC está realmente contrariado com ACM. Só isso, contou a tucanos, explicaria o fato de o presidente ter defendido a entrada do governo paulista na guerra fiscal, alfinetando a Bahia de ACM.

Descobriram a pólvora
Assessores de FHC acreditam que o programa de privatização está desnacionalizando a economia, pois decisões sobre investimentos em áreas estratégicas (telecomunicações e energia elétrica, por exemplo) estão sendo tomadas no exterior.

Governo dividido
Preocupados com a pressão política dos donos das ex-estatais, esses assessores levantam dados sobre o que chamam de desnacionalização da economia para discutir o assunto com FHC. A trombada com a equipe econômica será inevitável.

Nova mídia
Os comunicólogos presidenciais preparam um pacote publicitário para as classes A e B. As peças serão veiculadas por TVs a cabo e pela Internet.

Passo de tartaruga

Cerca de 60 mil processos estão parados na Justiça do Trabalho de São Paulo desde 18 de outubro, quando uma das suas sedes foi interditada por falta de segurança. A previsão do TRT é reabrir o edifício apenas no final do mês de março. Um esquema de plantão será montado a partir desta semana em outro prédio para casos urgentes.

Pedra no sapato
O Ministério Público prepara nova ação contra o ex-ministro Clóvis Carvalho, por causa do uso indiscriminado de aviões da FAB entre Brasília e São Paulo. Será pedido o ressarcimento das despesas. Carvalho já é alvo de outra ação, devido a vôos para Fernando de Noronha.

Guerra jurídica 1

Presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB) vai bombardear um ponto da reforma do Judiciário: ""incidente de inconstitucionalidade": ""É um nome moderno para um dispositivo atrasado, uma avocatória, como nos tempos da ditadura".

Guerra jurídica 2

Segundo Temer, o dispositivo tira poder dos juízes singulares e dos tribunais, pois permite que, em qualquer ação, o STF possa requisitar o processo para julgá-lo, sob o argumento de analisar a constitucionalidade.

Vergonha nacional

O Comitê Contra a Impunidade prepara ato na Assembléia do Acre para pedir a quebra da imunidade de Aureliano Pascoal, primo de Hildebrando. No fim do recesso, a ONG levará um "cemitério móvel" para a Casa. Cada cruz terá o nome de uma vítima do esquadrão da morte, da qual o deputado estadual é acusado de integrar.

Chapa branca 1

Ney Suassuna (PMDB-PB) arrancou uma ""entrevista" gravada com FHC e o compromisso de que o presidente se reunirá nesta semana com os membros da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Chapa branca 2

De FHC, na ""entrevista" a Suassuna: ""A mensagem que deixo para o povo é muito simples. Continuar acreditando, ter fé. Não só fé em Deus, fé em cada um. Acreditar que é preciso solidariedade. As palavras que os brasileiros precisam são fé, esperança e solidariedade".

TIROTEIO

De Emerson Kapaz (PPS), ex-secretário de Mário Covas e pré-candidato a prefeito de SP, sobre o governador paulista ter editado um decreto que lhe permite entrar na guerra fiscal:
- O governo vai na direção certa ao proteger as empresas do Estado, mas não pode entrar em leilão para atrair companhias. Senão, o tiro pode sair pela culatra.

CONTRAPONTO

Plantão médico
Na efêmera Presidência, Jânio Quadros gostava de ver filmes no cinema do Palácio da Alvorada. Sempre convidava auxiliares como José Aparecido e Augusto Marzagão para as sessões.
Augusto Marzagão conta que o presidente adorava faroestes e filmes de guerra.
Certa vez, um diplomata da Venezuela levou uma fita de seu país para Jânio, que resolveu arriscar e fazer uma sessão no Alvorada. O presidente convidou outros amigos, a fim de prestigiar o evento.
O filme, porém, era péssimo.
O presidente não parava de se mexer na cadeira, impaciente. Os assessores se entreolhavam, loucos para que a película acabasse. Os convidados não escondiam o incômodo.
Terminado o filme, o diplomata, orgulhoso, disse:
- Presidente, na próxima semana vou trazer outra fita.
Jânio olhou para os assessores e, com o tradicional sotaque, afirmou:
- Se for como este, prefiro ir ao dentista!


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