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"Cada um vai ter que ceder um pouco", diz Tarso
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário especial de Desenvolvimento Econômico e Social,
Tarso Genro, disse ontem que
considera salutar que diferentes
entidades de classe venham a público defender seus interesses na
reforma da Previdência, mas avisou que todos os setores terão que
ceder a mudanças nas aposentadorias dos que já estão no mercado de trabalho, não apenas nos
que ingressem depois da reforma.
"Se não tiver contencioso, não
tem reforma. Esse é o ponto de
partida da democracia", disse. Ele
se reuniu ontem com representantes da Anamatra (Associação
Nacional dos Magistrados do Trabalho) e com o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini.
"Cada um vai ter que ceder um
pouco. É tarefa do Congresso Nacional decidir quem vai ter que ceder e o quanto vão ter que ceder",
afirmou Tarso. Ele reiterou que os
direitos adquiridos não serão afetados, explicando que se refere
aos benefícios de inativos e de trabalhadores prestes a se aposentar.
O governo não trata a "expectativa de direito" -isto é, a aposentadoria que um trabalhador na
ativa espera ganhar de acordo
com a lei que vigora atualmente- como um direito adquirido,
ao contrário da tese que vem ganhando força entre juizes.
Hugo Melo, presidente da Anamatra, disse que sua categoria não
abre mão dos seguintes pontos:
que a aposentadoria seja igual ao
salário integral, que o reajuste dos
ativos seja repassado igualmente
aos inativos e que qualquer mudança não afete os juizes que já estão na ativa.
"A regra de transição previdenciários peca por romper com uma
expectativa. Não se pode mudar
as regras do jogo no meio do caminho", declarou Melo.
Tarso rebateu a questão indiretamente. "A pauta da transição de
um modelo para o outro não vai
ser obstaculizada por uma ou outra corporação", afirmou.
Segundo Tarso, o governo sabe
que não haverá mudanças instantâneas com a reforma, mas também não pretende trabalhar com
horizontes de 30 anos.
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