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São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 2003

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Empresa suíça originou processo, diz deputado

DA SUCURSAL DO RIO

O deputado estadual Carlos Minc (PT-RJ) afirmou ontem que teve informações de que o processo contra os fiscais do Rio foi desencadeado depois que a filial carioca de uma empresa suíça foi achacada em US$ 2 milhões.
"A empresa resolveu então comunicar o caso à sua matriz e deu o número da conta na Suíça em que fez o depósito para os fiscais. Daí o caso começou a ser investigado na Suíça", afirmou Minc, sem revelar o nome da empresa.
Outro caso que pode estar relacionado com a suspeita de lavagem de dinheiro envolvendo os fiscais pode ser o de extorsão denunciado pela Light em 1999.
À época, a Light gravou fitas em que dois fiscais da Fazenda estadual, hoje acusados no novo escândalo, cobram multas de funcionários da empresa. Um intermediário participava do esquema de cobrança de propina.
Nas gravações feitas pela Light, um homem identificado como Romeu Michel Surfan conversa com funcionários, depois da passagem dos fiscais, para cobrar o pagamento da propina.
Um dos investigados sob acusação de ter dinheiro na Suíça é Rodrigo Silveirinha Corrêa, subsecretário de Administração Tributária do Estado do Rio na gestão de Anthony Garotinho (PSB), de 1999 a abril de 2002.
O deputado Minc disse que pedirá ao Ministério Público Estadual uma cópia das fitas, gravadas durante vários dias pela Light, para que elas sejam analisadas pela Assembléia Legislativa. Várias empresas foram extorquidas com o mesmo esquema, segundo ele.
"Os fiscais do Silveirinha iam lá e diziam que havia multa. Eles não pediam dinheiro. Quando iam embora, chegava esse senhor e dizia que, para resolver o problema, precisava de US$ 3 milhões. Quando perguntavam se ele falava em nome dos fiscais, ele dizia que sim", disse o deputado.
O intermediário conversava justamente sobre temas que os fiscais haviam acabado de tratar. Depois, os fiscais voltavam com novas cobranças. Segundo Minc, os fiscais nunca são flagrados cobrando pessoalmente propina, mas chegam a dizer que conheciam o intermediário. Surfan não foi localizado ontem pela Folha.
As fitas foram entregues pela Light, à época, a Garotinho, que as enviou ao Ministério Público Estadual. A investigação sobre o caso foi arquivada por falta de provas contra os fiscais, segundo o Ministério Público. A Light informou ontem, por intermédio de sua assessoria, que não se pronunciaria sobre o episódio e que já tomou as providências que considerava necessárias. (FE)


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