São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

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Dirceu articula apoio ao filho no PR

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em meio às longas negociações da reforma ministerial, o chefe da Casa Civil, José Dirceu (Casa Civil), encontrou tempo para tratar de um tema familiar: a candidatura de seu filho, Zeca, a prefeito de Cruzeiro do Oeste (PR).
Após um almoço com o governador Roberto Requião (PMDB-PR) e o presidente Lula, Dirceu disse que o único acerto político feito à mesa foi o apoio de Requião à candidatura de seu filho.
Zeca (José Carlos Becker Oliveira e Silva) é filho de Dirceu no período em que o ministro viveu com identidade falsa no Paraná. Após ter sido banido do país em 1969, em troca da libertação do embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado pelo MR-8, Dirceu voltou ao Brasil disfarçado com uma prótese no nariz e com o nome de Carlos Gouveia de Melo. No Paraná ele manteve um relacionamento amoroso com Clara Becker, do qual nasceu Zeca.
Zeca já disputou duas eleições. Em 2000, um ano depois de assumir a presidência do PT em Cruzeiro do Oeste (cidade com cerca de 20 mil habitantes), ele foi derrotado para vereador. Em 2002, Zeca concorreu pelo PT a uma vaga na Câmara e também perdeu.
Sua candidatura foi lançada em junho de 2003, quando o ministro esteve na cidade. Zeca justificou a visita do pai em razão de seu aniversário e "eventos com empresários e acadêmicos". Na semana anterior à visita, Dirceu havia declarado que viajaria para "fazer comício" para o filho.
Ontem, após a declaração de Dirceu sobre o acordo, Requião deu sua versão para a conversa: o plantio de transgênicos. Sua expectativa é caracterizar o Paraná como área isenta desse tipo de cultivo na legislação que tramita no Congresso sobre alimentos geneticamente modificados. Segundo Requião, o PMDB vem conduzindo de forma correta a negociação para que o partido passe a integrar formalmente o governo.
Elogiando o cardápio (tambaqui e vitela assados, com entrada de shimeji) -"digno de um chefe da Casa Civil"-, o governador paranaense disse ter conversado com o presidente sobre as dificuldades de mexer em pastas entregues a petistas no início do governo. Ambos teriam concordado que, em nome do país, tal esforço precisaria e seria feito.


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