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DANÇA DOS MINISTROS
Dirceu afirma que anúncio será feito de uma só vez
Lula hesita entre reforma política e administrativa
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva hesita entre fazer uma reforma ministerial política para acomodar o PMDB no governo ou
uma mudança que, além de contemplar o aspecto político, tenha
também uma caráter gerencial,
para corrigir aspectos considerados negativos dentro da administração pelo presidente.
"Ele [Lula] tem o cenário de
uma reforma política e o cenário
de uma reforma político/administrativa. Essa é uma questão que
cabe ao presidente decidir", disse
ontem o ministro José Dirceu
(Casa Civil). Dirceu afirmou que o
anúncio da reforma não tem data
definida e que as mudanças serão
feitas de uma só vez, pois nenhum
ministro é candidato a prefeito.
Essa é uma referência velada ao
ministro dos Transportes, Anderson Adauto (PL). O vice-presidente José Alencar (PL) havia pedido a Lula que mantivesse Adauto ao menos até abril, quando então ele deixaria o cargo com a desculpa de que disputará a Prefeitura de Uberaba. Ou seja, se nenhum ministro sairá candidato,
como disse Dirceu ontem, isso
significa que Adauto será demitido agora ou ficará de vez.
Na entrevista concedida ontem,
Dirceu disse que já conversou
com todos os partidos aliados,
mas que as negociações não estão
concluídas porque o presidente
poderá apresentar contrapropostas às opções que lhe foram encaminhadas pelo núcleo duro do
governo -grupo que reúne, além
de Dirceu, os ministros Luiz Dulci
(Secretaria Geral da Presidência),
Luiz Gushiken (Comunicação e
Gestão Estratégica) e Antonio Palocci Filho (Fazenda).
"O presidente já tem todos os
elementos para tomar a decisão. É
uma questão agora que está em
suas mãos. Já conversamos com
os partidos e já transmitimos ao
presidente o ponto de vista deles",
afirmou Dirceu, anfitrião ontem
de um almoço que reuniu, em sua
casa, Lula e o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB).
"As negociações não terminaram porque, se o presidente fizer
uma contraproposta ou tomar
uma decisão, eu terei que voltar
aos partidos políticos. Mas o PTB
e o PP deixaram o presidente totalmente à vontade para tomar a
decisão que considerar mais adequada", disse o ministro.
A Folha apurou que Dirceu teme que os acordos costurados por
ele sejam desautorizados por Lula. Fato semelhante já ocorreu no
final de 2002, antes da posse,
quando o ministro havia selado
um acordo com o PMDB sobre
participação no ministério e Lula
derrubou a proposta.
Os possíveis cenários foram traçados anteontem em reunião com
o núcleo duro convocada pelo
presidente assim que chegou de
uma viagem ao México. Para acomodar os novos aliados, o PT precisará vencer as dificuldades de
"mover companheiros", conforme disse o chefe da Casa Civil na
reunião. O PTB, que já tem uma
pasta, está disposto a esperar. O
PP também não deve ganhar agora uma vaga no primeiro escalão.
O PMDB já tem como certo o
Ministério das Comunicações
(Miro Teixeira) e, na falta de melhor opção -queria levar a Integração Nacional, hoje comandada
por Ciro Gomes (PPS)-, aceita
ficar com a Previdência, hoje com
o petista Ricardo Berzoini.
A Berzoini pode ser confiada
uma nova missão: conduzir uma
pasta que resultaria da unificação
dos ministérios sociais -Segurança Alimentar e Combate à Fome (José Graziano) e Assistência
Social (Benedita da Silva).
"Já fizemos uma longa reunião
ontem [anteontem]. Temos conversado a todo momento. Mas
agora é uma hora do presidente.
Ele deve tomar a decisão assim
que se considerar devidamente
em condições", afirmou Dirceu,
após almoço, ressaltando que a
reforma ministerial não paralisa o
governo, nem gera ruídos que
possam atrapalhar a convocação
extraordinária do Congresso, que
começa na segunda-feira.
Berzoini disse que acatará qualquer decisão do presidente. "São
decisões que competem ao presidente da República, que acatarei
com tranqüilidade". Miro Teixeira, que também deve ceder o seu
lugar, disse que Lula não conversou com ele: "O Brasil é presidencialista, é o presidente quem define, o tempo é do presidente".
Colaborou a Reportagem Local
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