JOSÉ EDUARDO RONDON
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA

A Diocese de Roraima acusou a prefeita de Uiramutã, Florany Mota (PT), de estar envolvida no seqüestro de dois padres e um missionário, ocorrido na região da aldeia do Surumu, dentro da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, no último dia 6.
A acusação foi feita por meio de uma nota enviada ontem às direções estadual e nacional do PT.
De acordo com a diocese, a prefeita cedeu um caminhão da Prefeitura de Uiramutã -que fica dentro da reserva Raposa/Serra do Sol- para o grupo de manifestantes que seqüestrou três pessoas da congregação da Consolata, que ajuda os povos indígenas.
Na nota, membros da Pastoral Indigenista da diocese pedem que as direções do PT "tomem as devidas providências diante das evidências do envolvimento da prefeita no ato criminoso".
De acordo com o coordenador da congregação da Consolata, padre Antônio Manoel de Jesus Fernandes, 35, os indícios de que a prefeita cedeu um caminhão da prefeitura foram apontados pelos próprios índios da comunidade do Surumu.
Na madrugada do dia 6, um grupo, formado por indígenas e fazendeiros contrários à homologação, seqüestrou os padres Cézar Avellaneda, Ronildo Pinto França e o missionário Juan Carlos Martinez. Uma parcela dos índios e fazendeiros roraimenses, na maioria cultivadores de arroz, vem promovendo manifestações de oposição à homologação da reserva Raposa/Serra do Sol como área contínua pelo governo.

Outro lado
A prefeita de Uiramutã, Florany Mota (PT), respondendo às acusações feitas pela diocese, disse que "é impossível que um caminhão da prefeitura tenha sido usado para efetuar os seqüestros".
A prefeita afirmou ainda que o único caminhão da administração municipal estava retido em um dos bloqueios dos índios nos acessos a Boa Vista. A direção nacional do PT não tinha, até o fechamento desta edição, posição oficial sobre o caso, e a estadual não respondeu aos recados.


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