São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PARANÁ

Governador diz que consórcio está inadimplente; administradores negam

Requião abre processo para retomar ferrovia de empresa

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), disse ter determinado à estatal estadual Ferroeste a abertura de processo administrativo para romper contrato com a Ferropar S/A. O objetivo é retomar o controle de uma ferrovia arrendada à empresa.
O anúncio foi feito ontem em Brasília, onde Requião se encontrou com o presidente Lula e o ministro José Dirceu (Casa Civil).
O ato jurídico do governo é a declaração de caducidade do contrato firmado entre a Ferroeste e a Ferropar, pelo fato de a empresa privada estar inadimplente. Ontem, a Ferropar deveria ter pago ao governo R$ 3,2 milhões como parte do arrendamento. À tarde, informou ter creditado R$ 553 mil e que tenta renegociar a dívida.
O presidente da Ferropar, Aníbal Batista Falcão, disse que a empresa "está absolutamente adimplente" e que a Ferropar já pagou R$ 11,8 milhões ao governo, e que investiu R$ 14,7 milhões.
A ferrovia Oeste do Paraná é um corredor de escoamento de grãos de 248 km de extensão.
A estrada foi construída com dinheiro público no primeiro governo de Requião (1991-1994) e teve sua exploração transferida a um consórcio privado em 1997, na gestão do sucessor, Jaime Lerner (ex-PFL, hoje PSB), que governou o Estado de 1995 a 2002. Requião disse que a estrada custou R$ 1 bilhão. "A Ferropar teve sete anos para começar a pagar", disse ele, ao avisar que não aceita renegociar os valores.
Os R$ 3,2 milhões que venceram ontem fazem parte de um lote de 108 parcelas que devem ser pagas ao Estado em decorrência de uma revisão de contrato.
Antes de propor processo contra a Ferropar, o governador já havia tornado de utilidade pública para fins de desapropriação cinco das seis concessionárias de rodovias do PR. Em outubro, anunciou a disposição de encampar as rodovias e explorar o pedágio, mas neste mês assinou decretos declarando de utilidade pública para fins de desapropriação, cinco consórcios rodoviários.
A Folha apurou que Requião, com as medidas, quer se posicionar à esquerda no espectro político -ocupando espaço que considera aberto com a guinada do governo Lula ao centro- e, assim, tentar viabilizar seu nome para a eleição presidencial de 2006.


Texto Anterior: No ar: O número um
Próximo Texto: 4º Fórum Social Mundial: Desafio de fórum é renovar temas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.