São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 1997.

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Município reduz perímetro urbano e veta loteamentos na periferia
Joinville fecha as portas para evitar inchaço da população

DEISE LEOBET
em Joinville e Guaratuba

Terceiro pólo industrial da região Sul, Joinville (a 180 km de Florianópolis) está delimitando suas fronteiras para conter os fluxos migratórios.
Nos últimos cinco anos, de acordo com o IBGE, o número de habitantes cresceu, em média, 2,8% ao ano. Isso significa que a cidade ganhou 50 mil novos moradores nesses cinco anos. Foi uma das maiores taxas de crescimento no Estado.
Dados da Secretaria de Saúde do município mostram que, a cada dia, nascem 32 crianças na cidade. ``Isso equivale a construir uma nova sala de aula por dia'', disse o secretário da Integração Regional, Jordi Castan.
Com apenas 8% do esgoto tratado, regiões de mangue ocupadas irregularmente e deficiências no transporte coletivo, a prefeitura está adotando medidas drásticas para evitar um inchaço populacional.
O perímetro urbano foi reduzido, e o município proibiu a abertura de novos loteamentos em regiões afastadas da cidade. Empreendimentos imobiliários só podem ser lançados caso esteja pronta a infra-estrutura básica, com água, luz e estradas.
O potencial econômico de Joinville é o que vem atraindo moradores de outras cidades: 82% da sua atividade está concentrada na indústria. O faturamento industrial é de US$ 2 bilhões por ano, e o setor emprega cerca de 85 mil pessoas.
A auxiliar administrativa Helena Klaumann Schimdt, 26, foi uma das pessoas atraídas pela perspectiva de melhorar de vida na cidade grande. Em 1991, ela decidiu deixar Ituporanga, município com 10 mil habitantes (SC), onde trabalhava junto com os pais e 13 irmãos na roça.
Logo que chegou a Joinville, conseguiu vaga na linha de produção da Embraco, uma das três maiores fábricas de compressores do mundo. ``Aqui comprei minha casa, um carro e me formei em Psicologia.'' Depois dela, dois irmãos e três primos trocaram Ituporanga por Joinville.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Edgar Meister, alerta, porém, que não há mais oferta de vagas na cidade. Segundo ele, 20 mil pessoas estão desempregadas ou na economia informal.
``Quem está pensando em vir para Joinville precisa saber que a indústria é o setor que mais desemprega atualmente'', disse.
Guaratuba
Em Guaratuba (PR), a construção civil atraiu novos moradores e alavancou o crescimento da população. Em 1991, eram pouco mais de 17 mil habitantes. Hoje, de acordo com dados do Censo de 1996, são 31.630 moradores. A taxa média de crescimento foi de 15,8% ao ano.
``Muitos aposentados estão se instalando definitivamente na cidade e estão comprando imóveis, o que gera empregos no setor da construção'', disse o prefeito Everson Kravetz (PSDB).
O chefe de almoxarifado Carlos Eduardo Fonseca, 26, chegou à cidade há seis anos para trabalhar como motorista. Ele deixou Joinville, onde não conseguia emprego por não ter concluído o segundo grau. Agora, está convencendo dois amigos a se instalarem na cidade.

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