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Sarney e João Paulo vão prestigiar Dirceu hoje
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Num ato de desagravo a José
Dirceu, o presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), e o presidente da Câmara, João Paulo
Cunha (PT-SP), receberão hoje na
rampa do Congresso o chefe da
Casa Civil, que entregará a mensagem presidencial para este ano
legislativo, que começa hoje.
Na mensagem, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva pedirá
apoio às reformas do Judiciário e
sindical e fará um agrado ao Congresso, em um momento que precisa evitar uma CPI, agradecendo
a aprovação das reformas tributária e previdenciária em 2003.
Sarney e João Paulo se reuniram
ontem e combinaram prestigiar
Dirceu -atingido pelo caso Waldomiro Diniz, homem de sua
confiança que está em gravação
de 2002 pedindo propina e doação de campanha a um bicheiro.
Mais: os dois atuarão unidos a
fim de evitar assinaturas para um
pedido de CPI no Senado sobre
esse caso. No final de semana, o
governo e a cúpula do PT decidiram enquadrar a bancada petista
no Senado, para evitar que a CPI
obtenha os 27 votos necessários.
João Paulo antecipou para ontem a sua volta de São Paulo a
Brasília. Reuniu-se com Sarney, o
principal aliado no PMDB. No encontro, acertaram que era preciso
evitar, segundo expressão de um
auxiliar de um deles, "um clima
de hostilidade a José Dirceu".
Com a revelação da fita sobre
Waldomiro, Dirceu ficou abatido,
de acordo com descrição de pessoas que estiveram com ele nos
últimos dias. Apesar de não ter
dado declarações até ontem sobre
o episódio, Dirceu deve falar hoje.
Um dos pontos incômodos é
sua relação com Waldomiro, com
quem dividiu apartamento na
época em que era deputado federal. O governo avalia que Dirceu
deve comentar o caso de público,
para não transmitir imagem de
temor. É para fugir dessa imagem
que o ministro entregará a mensagem presidencial ao Congresso.
O governo aventou a possibilidade de que o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) assumisse essa tarefa. Mas a idéia foi
descartada, pois poderia passar à
opinião pública a sensação de que
o governo está acuado.
Apesar de ter ficado contrariado
com Dirceu por ter colocado um
auxiliar problemático num posto-chave, Lula não tem interesse
num forte enfraquecimento do
ministro, o que atingiria seu próprio governo, especialmente depois que Lula o designou para reforçar o gerenciamento dos ministérios. Lula chamou Dirceu de
"capitão" do seu time, apesar de
ter ressalvado que é o "técnico".
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