São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

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Sarney e João Paulo vão prestigiar Dirceu hoje

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Num ato de desagravo a José Dirceu, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), receberão hoje na rampa do Congresso o chefe da Casa Civil, que entregará a mensagem presidencial para este ano legislativo, que começa hoje.
Na mensagem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedirá apoio às reformas do Judiciário e sindical e fará um agrado ao Congresso, em um momento que precisa evitar uma CPI, agradecendo a aprovação das reformas tributária e previdenciária em 2003.
Sarney e João Paulo se reuniram ontem e combinaram prestigiar Dirceu -atingido pelo caso Waldomiro Diniz, homem de sua confiança que está em gravação de 2002 pedindo propina e doação de campanha a um bicheiro.
Mais: os dois atuarão unidos a fim de evitar assinaturas para um pedido de CPI no Senado sobre esse caso. No final de semana, o governo e a cúpula do PT decidiram enquadrar a bancada petista no Senado, para evitar que a CPI obtenha os 27 votos necessários.
João Paulo antecipou para ontem a sua volta de São Paulo a Brasília. Reuniu-se com Sarney, o principal aliado no PMDB. No encontro, acertaram que era preciso evitar, segundo expressão de um auxiliar de um deles, "um clima de hostilidade a José Dirceu".
Com a revelação da fita sobre Waldomiro, Dirceu ficou abatido, de acordo com descrição de pessoas que estiveram com ele nos últimos dias. Apesar de não ter dado declarações até ontem sobre o episódio, Dirceu deve falar hoje.
Um dos pontos incômodos é sua relação com Waldomiro, com quem dividiu apartamento na época em que era deputado federal. O governo avalia que Dirceu deve comentar o caso de público, para não transmitir imagem de temor. É para fugir dessa imagem que o ministro entregará a mensagem presidencial ao Congresso.
O governo aventou a possibilidade de que o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) assumisse essa tarefa. Mas a idéia foi descartada, pois poderia passar à opinião pública a sensação de que o governo está acuado.
Apesar de ter ficado contrariado com Dirceu por ter colocado um auxiliar problemático num posto-chave, Lula não tem interesse num forte enfraquecimento do ministro, o que atingiria seu próprio governo, especialmente depois que Lula o designou para reforçar o gerenciamento dos ministérios. Lula chamou Dirceu de "capitão" do seu time, apesar de ter ressalvado que é o "técnico".



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