O governo Luiz Inácio Lula da Silva sofreu sua maior derrota política no Legislativo ao perder o controle da Câmara dos Deputados. Seu candidato, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), foi derrotado pelo adversário Severino Cavalcanti (PP-PE), por 300 votos a 195 no segundo turno do pleito, no começo da manhã de ontem, após mais de 12 horas de sessão. A derrota, inédita na história recente do país, foi surpreendente: acreditava-se até então que o principal rival de Greenhalgh era o petista dissidente Virgílio Guimarães (MG), que nem ao segundo turno foi.
Severino, 74, agora o terceiro na linha sucessória, assumiu seu mandato de dois anos com discurso dúbio. Se por um lado prometeu ""não ser um empecilho para seu conterrâneo" Lula, também afirmou ser contra aumentos de impostos propostos pelo governo em medida provisória a ser analisada pela Casa que preside. Fez justiça a seu discurso de campanha e fama de ""rei do baixo clero", prometendo elevação do salário dos deputados federais. Foi aplaudido de pé durante sua fala na primeira sessão do ano, na tarde de ontem.
Lula buscou isolar a derrota no âmbito do PT, excluindo o governo do desgaste do resultado. Fez o contrário de Greenhalgh, que atribuiu o fiasco à tentativa da Câmara de atingir o Executivo. Lula quis entrar em contato com Severino ainda ontem. Ligou à tarde, da Guiana, antes do início da cerimônia de abertura dos trabalhos legislativos. Falaram durante cinco minutos e acertaram um encontro ainda nesta semana.
A derrota do Planalto e do PT foi agravada pelo fato de que o partido de Lula ficou sem nenhum cargo na Mesa Diretora da Câmara, mesmo tendo a maioria de 91 deputados, e pela ameaça de o aliado PMDB ser dominado por sua ala oposicionista na Casa.


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