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NOITE DOS PUNHAIS
De madrugada, pânico substituiu a confiança
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para um deputado petista, foi a
"Noite de São Bartolomeu" [massacre de protestantes franceses no
século 16]. Para outro, a "noite das
facadas". A madrugada foi de tensão e corre-corre para os líderes
governistas, que tentavam estancar o esfarelamento da candidatura de Luiz Eduardo Greenhalgh.
A confiança de anteontem foi
substituída pelo desespero nas
primeiras horas da madrugada.
Às 2h30, o anúncio de que apenas
207 votaram em Greenhalgh no
primeiro turno, contra a previsão
de 270, levou à conclusão inevitável de que um processo de traição
estava em curso na base aliada.
Pouco antes das 3h, reuniram-se Greenhalgh, José Genoino, Arlindo Chinaglia (líder da bancada), o presidente que saía, João
Paulo Cunha, e o deputado José
Eduardo Cardozo. O anúncio de
que os ruralistas fecharam em favor de Severino trouxe pânico,
pois o PT dava como certo o
apoio da bancada após o defensor
dos sem-terra Greenhalgh dizer
ser contra ""baderna" no campo.
A passos rápidos e cigarro na
mão, Genoino dirigiu-se ao gabinete da liderança do PFL, Antônio
Carlos Magalhães Neto (BA). O
celular tocou: "Estamos perdendo
os ruralistas, é preciso fazer algo."
Afastando-se do PFL, os petistas
foram para a conversa mais difícil: engolir o orgulho e pedir ajuda
a Virgílio, que até minutos antes
era hostilizado. Chegaram às 3h35
ao gabinete da liderança do governo no Congresso, onde o ex-dissidente já aguardava. Primeiro
Genoino, João Paulo, Chinaglia e
Luizinho. Dez minutos depois,
chegou Greenhalgh, sorrindo.
A conversa foi amistosa. Deixaram claro que o racha tinha criado problema e que também o rebelde tinha de ser parte da solução. "Vou pedir que meus apoiadores votem em Greenhalgh."
Ficou subentendido que, como
recompensa, Virgílio teria a mais
branda punição por seu ato de rebeldia. Genoino ainda teve fôlego
para tentar o apoio da ala oposicionista do PMDB, buscando Michel Temer e Geddel Vieira Lima.
A sessão recomeçou às 4h30. À
medida que Severino abria vantagem, a metade governista ficava
muda. Greenhalgh ressurgiu de
seu gabinete às 6h40 para a proclamação do resultado. Um dos
primeiros a confortá-lo foi Chico
Alencar. "Tudo bem, a gente fez
tudo que deveria ter feito", disse o
ex-candidato.
(FZ e RB)
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