|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Procurador quer barrar transposição
Antonio Fernando pede ao STF que suspenda a liberação para as obras do governo no rio São Francisco
Procurador-geral considera que licença do Ibama está "eivada de vícios" e que projeto deve ser analisado por Congresso Nacional
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, pediu ontem ao STF
(Supremo Tribunal Federal)
que suspenda a obra de transposição do rio São Francisco. A
obra está orçada em mais de
R$ 4 bilhões e é definida pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva como uma das prioridades do governo.
A execução do projeto foi liberada em dezembro de 2006
por decisão do ministro do STF
Sepúlveda Pertence após ter ficado mais de um ano paralisada
devido a dez liminares. O projeto é alvo de várias ações movidas por entidades ambientalistas, associações de trabalhadores rurais e da pesca e pelo Ministério Público da Bahia, de
Sergipe e de Minas Gerais.
Antonio Fernando pediu a
Sepúlveda que reconsidere a
decisão de liberar a obra ou, caso contrário, a submeta a referendo dos outros dez ministros
do STF. É a primeira ação do
procurador contra a obra.
Ele argumenta a necessidade
de serem ouvidas as populações indígenas que ocupam
áreas que serão atingidas pela
transposição do rio e diz que o
Congresso deve se manifestar.
O procurador-geral também
afirma que a licença prévia,
concedida pelo Ibama, está "eivada de vícios que comprometem a sua validade". Um desses
vícios seria a falta de manifestação prévia do Congresso.
Sepúlveda cassou as liminares que tinham sido concedidas
porque entendeu que a licença
prévia do Ibama era suficiente
para a execução do projeto.
Já Antonio Fernando sustenta que há risco de danos irreversíveis ao ambiente e aos
cofres públicos, em razão da
possibilidade de início imediato da implantação do projeto.
"A despeito das afirmações
do relator no sentido de que a
licença prévia não autoriza atos
concretos de implementação
física do projeto, informações
divulgadas na imprensa indicam que a administração está
adotando as providências necessárias ao início das obras."
Sepúlveda é o relator de um
pedido da Advocacia Geral da
União para concentrar no STF
todas as ações sobre a transposição do rio, já que há vários Estados com interesse no tema.
Anteontem, o ministro Pedro Brito (Integração Nacional) disse que os editais devem
ser publicados após o Carnaval.
Ele afirmou que neste ano serão investidos R$ 2,164 bilhões
em obras que envolvem recursos hídricos. Segundo ele, R$
550 milhões estão na Lei Orçamentária e o restante virá por
meio de créditos durante o ano.
Texto Anterior: Foco: Crise do mensalão ainda inspira foliões, mas já não empolga comércio Próximo Texto: Conselho de Ética: PT e PFL buscam consenso para presidência Índice
|