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MP abre espaço
para prefeitos
driblarem a LRF
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para regularizar a situação da
Prefeitura de São Paulo e de outras cidades que descumpriram a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), o governo incluiu em uma medida provisória -editada no final de janeiro- um dispositivo que permite aos municípios contratarem empréstimos acima do seu
limite de endividamento.
A medida beneficia a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy e 19 cidades, incluindo
Rio, Salvador e Campinas. Na
MP, o governo autoriza as prefeituras a tomarem financiamentos no âmbito do Reluz
(programa federal para melhoria na iluminação pública),
mesmo que já tenham estourado o teto para empréstimos.
Segundo o presidente da
CAE (Comissão de Assuntos
Econômicos) do Senado, senador Luiz Otávio (PMDB-PA), a
MP foi um ato político para
proteger a ex-prefeita. Ele disse
que ouvirá Marta e o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci
Filho, sobre o assunto no Senado. A medida provisória trata
do repasse de recursos do governo federal para Estados e
municípios por conta da desoneração das exportações.
A operação da Prefeitura de
São Paulo com o Reluz foi realizada inicialmente em 2002,
mas recebeu um aditivo de R$
187 milhões no ano passado. A
contratação levou o Ministério
da Fazenda a enviar ofício ao
Senado, em dezembro de 2004,
informando sobre a irregularidade cometida pela ex-prefeita
ao fazer o aditivo ao contrato.
Ontem, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy,
convocou uma entrevista coletiva de última hora para explicar a situação da capital paulista. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), também saiu em defesa de
Marta, que é sua principal adversária na candidatura ao governo do Estado.
Levy destacou que outras cidades estão na mesma situação
de São Paulo, mas adiantou
que o problema já está contornado com a medida provisória.
"Esse é um fato concreto", afirmou, porém, o secretário ao ser
questionado se a ex-prefeita teria descumprido a LRF até a
edição da MP.
Ele relatou que, apesar de ter
pedido ao Tesouro autorização
para realizar a contratação do
Reluz e receber uma resposta
negativa, a Prefeitura levou a
operação adiante.
Segundo Levy, o Tesouro só
informou o caso de São Paulo
aos senadores porque a cidade
foi a única a avisar a secretaria
sobre a operação. "Talvez tenhamos sido muito rigorosos
com São Paulo", disse Levy.
Para Mercadante, a cidade
está sendo punida "por ter agido de boa fé". Ele enfatizou que
a ex-prefeita avisou o Tesouro
sobre o aditivo. Na avaliação
dele, a prefeitura teria interpretado que não precisava de uma
autorização.
A ex-prefeita Marta Suplicy
negou ontem que a sua gestão
tenha descumprido ao efetuar
a operação. Segundo ela, houve
uma divergência de interpretação da lei entre a prefeitura e o
Ministério da Fazenda. "Não
descumprimos a lei. Soubemos
informalmente que isso [a operação] poderia ser questionado, daí a necessidade da MP
que foi editada".
"A nossa Secretaria de Assuntos Jurídicos interpretou
que o aditivo não era um novo
contrato. Era a extensão de um
contrato. E foi de forma muito
tranqüila que comunicamos a
operação ao Ministério da Fazenda", disse a prefeita, que informou ter ligado pela manhã a
Palocci para discutir o assunto.
Colaboraram EDUARDO SCOLESE E
FERNANDA KRAKOVICS, da Sucursal de Brasília e a enviada ao Vale do
Paraíba (SP)
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