São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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RUMO A 2006

No Vale do Paraíba, reduto do governador de SP, ex-prefeita estréia discurso de campanha ao governo do Estado

Marca do governo Alckmin é Febem, diz Marta

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL AO VALE DO PARAÍBA(SP)

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) escolheu o Vale do Paraíba, reduto do governador Geraldo Alckmin (PSDB), para estrear seu discurso de campanha ao governo do Estado: "O que há de concreto no governo Alckmin? Qual é a marca? É a Febem".
Na visita de Marta a nove cidades da região em dois dias -entre elas, Pindamonhangaba, terra natal do governador- explorar a mais recente crise da Febem foi o mote preferido: "A Febem é a marca do fracasso da política de resgate da delinqüência, do resgate da juventude. Não dá para dizer que não teve tempo para fazer. São 12 anos de governo", disse em Taubaté. A casa de custódia da cidade recebeu menores transferidos de São Paulo nos últimos dias.
No primeiro ato de campanha, Marta se disse vice-presidente nacional do PT e ex-prefeita. "Não me apresento como pré-candidata. São as pessoas quem perguntam." Mas deixou escapar em público: "Se eu tiver o privilégio de ser a candidata". Nos eventos acompanhados ontem pela reportagem, foi lançada até para presidente. "Acho que ela é uma ótima candidata a próxima presidente", disse o coreano Byung Chul Lee, vice-presidente da fábrica multinacional LG, que se esforçava para falar português.
A visita à fábrica foi o segundo compromisso de Marta em Taubaté. Ela percorreu mais cinco cidades ontem, das 9h às 22h.
"O primeiro objetivo [das visitas] é reeleger o Lula e defender as conquistas da gestão. Segundo, é construir programa de governo do Estado." Mas seja para ganhar o Palácio dos Bandeirantes ou para se manter no Planalto, a meta é "desconstruir os factóides" do governo de Alckmim, citado como opositor do presidente em 2006. "Que eu saiba, ele [Alckmin] se apresenta como tal, não sou eu quem o apresento."
Sobre a escolha do Vale do Paraíba, diz: "Escolhi pela proximidade da capital". Mas o fato é que a região é estratégica para o PT, mais debilitado na rica área do Estado desde 2004, com a derrota em São José dos Campos. Na área de influência tucana e pefelista, além de visitar dois prefeitos petistas (Jacareí e Santo Antônio dos Pinhal), a assessoria de Marta mapeou eventuais aliados, entre eles o prefeito de Pindamonhangaba, João Ribeiro (PPS), com quem se reuniu a portas fechadas durante cerca de 40 minutos.
"Há uma decepção com 12 anos de PSDB. Uma canseira", afirmou a ex-prefeita, para defender diferenças ideológicas entre petistas e tucanos usando como exemplo os investimentos em transporte público. "Serra aumentou a passagem. Nós fizemos o bilhete único. Temos como ideologia subsidiar o transporte público."
Pela manhã, o clima na comitiva da prefeita, cerca de 10 pessoas, entre apoiadores da região e assessores, era tenso. A preocupação era dar à imprensa uma explicação sobre operação de crédito para um programa federal, classificado como irregular pelo Ministério da Fazenda (leia ao lado).
À tarde, os petistas se animaram com as notícias da derrota tucana na Assembléia Legislativa. "Você viu? O Rodrigo Garcia ganhou na Assembléia. Vamos ver se aquilo lá fica mais democrático", comemorou Marta, ao falar com o prefeito de Campos do Jordão.

Outro lado
Em nota divulgada ontem, o secretário-adjunto da Secretaria de Comunicação do Governo de SP, Emerson Figueiredo, afirmou que Marta está "totalmente desinformada" sobre a Febem. "A ex-prefeita ignora que a Febem passa por uma reestruturação, com profundas alterações no processo de reinserção do jovem na sociedade", diz o texto.


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