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RUMO A 2006
No Vale do Paraíba, reduto do governador de SP, ex-prefeita estréia discurso de campanha ao governo do Estado
Marca do governo Alckmin é Febem, diz Marta
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL AO VALE DO PARAÍBA(SP)
A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) escolheu o Vale do
Paraíba, reduto do governador
Geraldo Alckmin (PSDB), para
estrear seu discurso de campanha
ao governo do Estado: "O que há
de concreto no governo Alckmin?
Qual é a marca? É a Febem".
Na visita de Marta a nove cidades da região em dois dias -entre elas, Pindamonhangaba, terra
natal do governador- explorar a
mais recente crise da Febem foi o
mote preferido: "A Febem é a
marca do fracasso da política de
resgate da delinqüência, do resgate da juventude. Não dá para dizer
que não teve tempo para fazer.
São 12 anos de governo", disse em
Taubaté. A casa de custódia da cidade recebeu menores transferidos de São Paulo nos últimos dias.
No primeiro ato de campanha,
Marta se disse vice-presidente nacional do PT e ex-prefeita. "Não
me apresento como pré-candidata. São as pessoas quem perguntam." Mas deixou escapar em público: "Se eu tiver o privilégio de
ser a candidata". Nos eventos
acompanhados ontem pela reportagem, foi lançada até para
presidente. "Acho que ela é uma
ótima candidata a próxima presidente", disse o coreano Byung
Chul Lee, vice-presidente da fábrica multinacional LG, que se esforçava para falar português.
A visita à fábrica foi o segundo
compromisso de Marta em Taubaté. Ela percorreu mais cinco cidades ontem, das 9h às 22h.
"O primeiro objetivo [das visitas] é reeleger o Lula e defender as
conquistas da gestão. Segundo, é
construir programa de governo
do Estado." Mas seja para ganhar
o Palácio dos Bandeirantes ou para se manter no Planalto, a meta é
"desconstruir os factóides" do governo de Alckmim, citado como
opositor do presidente em 2006.
"Que eu saiba, ele [Alckmin] se
apresenta como tal, não sou eu
quem o apresento."
Sobre a escolha do Vale do Paraíba, diz: "Escolhi pela proximidade da capital". Mas o fato é que
a região é estratégica para o PT,
mais debilitado na rica área do Estado desde 2004, com a derrota
em São José dos Campos. Na área
de influência tucana e pefelista,
além de visitar dois prefeitos petistas (Jacareí e Santo Antônio dos
Pinhal), a assessoria de Marta mapeou eventuais aliados, entre eles
o prefeito de Pindamonhangaba,
João Ribeiro (PPS), com quem se
reuniu a portas fechadas durante
cerca de 40 minutos.
"Há uma decepção com 12 anos
de PSDB. Uma canseira", afirmou
a ex-prefeita, para defender diferenças ideológicas entre petistas e
tucanos usando como exemplo os
investimentos em transporte público. "Serra aumentou a passagem. Nós fizemos o bilhete único.
Temos como ideologia subsidiar
o transporte público."
Pela manhã, o clima na comitiva
da prefeita, cerca de 10 pessoas,
entre apoiadores da região e assessores, era tenso. A preocupação era dar à imprensa uma explicação sobre operação de crédito
para um programa federal, classificado como irregular pelo Ministério da Fazenda (leia ao lado).
À tarde, os petistas se animaram
com as notícias da derrota tucana
na Assembléia Legislativa. "Você
viu? O Rodrigo Garcia ganhou na
Assembléia. Vamos ver se aquilo
lá fica mais democrático", comemorou Marta, ao falar com o prefeito de Campos do Jordão.
Outro lado
Em nota divulgada ontem, o secretário-adjunto da Secretaria de
Comunicação do Governo de SP,
Emerson Figueiredo, afirmou que
Marta está "totalmente desinformada" sobre a Febem. "A ex-prefeita ignora que a Febem passa
por uma reestruturação, com
profundas alterações no processo
de reinserção do jovem na sociedade", diz o texto.
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