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RONDÔNIA
Ação implica afastamento
Assembléia autoriza processo contra Cassol
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Assembléia Legislativa de
Rondônia autorizou o Superior
Tribunal de Justiça a abrir processo criminal contra o governador
Ivo Cassol (PSDB), o que implica,
pela constituição estadual, que ele
ficará afastado do cargo por até
seis meses, a partir da instauração
do processo.
O governador foi denunciado
ao STJ pelo Ministério Público Federal por suposta formação de
quadrilha e fraudes em licitações
públicas da Prefeitura de Rolim
de Moura entre 1998 a 2002, antes
de se eleger governador e deixar a
administração municipal.
A subprocuradora-geral da República Deborah Duprat Britto
Pereira denunciou também parentes e amigos do governador e
da primeira-dama do Estado, Ivone Mezzomo Cassol. Entre os oito
denunciados, estão dois irmãos e
um cunhado de Ivone Cassol.
O STJ acatou a denúncia, mas só
pode dar seguimento ao processo
com autorização da Assembléia.
A vice-governadora, Odaísa Fernandes (PSDB), deve assumir o
governo. O advogado de Cassol,
França Guedes, antecipou que entrará com recurso junto ao STJ.
A decisão dos deputados era esperada, pois apenas quatro dos 24
são aliados de Cassol. Desses quatro, três votaram em favor dele.
Na última sexta, o advogado de
Cassol entrou com ação no STJ
questionando a Constituição estadual e pedindo a suspensão do
artigo que determina seu afastamento. O pedido foi negado.
Segundo o Ministério Público
Federal, Cassol e os demais indiciados associaram-se para burlar
as licitações para obras e serviços
de engenharia da prefeitura e favorecer oito empresas: Construtora Pedra Lisa, JK Construções,
Sul Terraplanagem Ltda., Construtel, Strada Construções, Norterra, Construtora Rondoniense e
Terraplanagem Borges.
Elas venceram 22 das 29 licitações realizadas entre 1998 e 2001, e
34 das 55 feitas de 2001 a 2002,
embolsando R$ 6,72 milhões. Segundo a denúncia, a perícia feita
nas licitações atestou vício no
processo e ""promiscuidade" entre a prefeitura e as empresas.
Um dos indícios de fraude foi o
fracionamento das contratações
para que as empresas fossem selecionadas por carta-convite. Segundo o Ministério Público Federal, cinco das oito empresas acusadas tinham ligações entre si e
com o então prefeito Cassol.
Um dos denunciados, Aníbal de
Jesus Rodrigues é sócio da Construtura Pedra Lisa e da Strada
Construções. É citado como contador das empresas da família e
sócio de Ivone na Brasil FM.
Dois irmãos da primeira-dama
-Izalino e Ivalino Mezzomo-
são sócios da empresa JK, enquanto uma prima dela aparece
como sócia de outras duas: Sul
Terraplanagem e Construtel. Outras empresas foram registradas
em nome de ex-funcionários da
prefeitura ligados a Ivo Cassol e
venceram licitações, mesmo não
tendo patrimônio nem máquinas.
Cassol também é investigado
por suspeita de envolvimento na
extração ilegal de diamantes dentro da reserva Roosevelt, dos índios cintas-largas, onde 29 garimpeiros foram mortos em 2004. O
inquérito corre sob sigilo.
Outro lado
O governador Ivo Cassol disse
em nota divulgada ontem à noite
que não há como ignorar a crise
entre os poderes Legislativo e
Executivo em Rondônia.
""Ela é pública, notória, está estampada nos jornais e faz parte
dos noticiários das rádios e das televisões. Há o enfrentamento. E
ele não contribui em nada para o
progresso do Estado", disse ele.
Cassol não quis dar entrevista.
A nota oficial diz que o governo
não quis e nem produziu a crise
entre os poderes. "Apenas o herdamos. E isso também faz parte
dessa nova história". diz o texto.
O enfrentamento entre o governador e os demais poderes começou em fevereiro de 2003, quando
Cassol procurou o ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e
pediu intervenção federal no Estado, alegando que lhe faltavam
condições de governabilidade.
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