|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PECs antiimpostos "mofam" na Câmara
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A PEC (Proposta de Emenda
Constitucional) que proíbe o uso
de medidas provisórias em matérias tributárias, encampada nesta
semana pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, não é novidade no Congresso.
Pelo menos outras duas PECs
com o mesmo objetivo estão paradas há meses na CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados.
A primeira delas, a 213, foi apresentada em dezembro de 2003. A
outra, a 305, em julho de 2004.
O destino da PEC 371, lançada
anteontem em um ruidoso evento
em São paulo por empresários da
Frente Brasileira contra a MP 232,
que contou com a presença de Severino Cavalcanti, deverá ter o seu
"apensamento" às outras propostas já existentes.
No evento de segunda, que reuniu cerca de 1.500 empresários e
políticos em um clube paulistano,
Severino garantiu mais de uma
vez que o encaminhamento da
PEC 371, vendida como novidade
de autoria do deputado Robson
Tuma (PFL-SP), será ""normal".
Se prevalecer a "normalidade",
a nova proposta pode parar na
CCJ por meses, assim como aconteceu com a PEC 213, de autoria
do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).
A 213 está na CCJ desde 24 de
dezembro de 2003.
Em 5 de agosto de 2004 ela ganhou a companhia da 305, de autoria do deputado Mendes Thame (PSDB-SP).
A diferença entre as duas propostas é que a de Thame, além de
proibir a elevação de impostos via
MP, evita também a diminuição
deles pelo mesmo expediente.
"O projeto vem caminhando
muito lentamente, como uma tartaruga com uma das pernas enfaixada", afirma Thame, que caracteriza o uso de MPs na área tributária como "um passa-moleque"
do Executivo sobre o Legislativo.
Ele diz acreditar que ""o momento atual é bom" para tentar
acelerar o encaminhamento.
O deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), relator das PECs
na CCJ, afirma que o processo é
lento pois "deve seguir o regimento interno". Anteontem, Severino
disse que poderia colocar a PEC
371 "na ordem do dia em três ou
quatro meses".
Apesar dos discursos polêmicos
e da promessa de independência
do Congresso em relação ao Planalto, a "administração Severino"
tem um saldo positivo para o governo até agora.
O presidente da Câmara dos
Deputados vem se posicionando
ao lado de Lula para que a reforma tributária não seja desfigurada, colocou em pauta a emenda
paralela da Previdência e pôs em
votação a Lei de Biossegurança
nos termos que o governo havia
negociado com o Senado.
Texto Anterior: Previdência: Planalto é derrotado em votação da PEC paralela Próximo Texto: Elio Gaspari: A diplomacia da megalomania Índice
|