São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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Falta de estrutura causou morte de índios, diz Funasa

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A direção da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) colocou, em audiência pública na Câmara, parte da responsabilidade pela morte de 11 índios guaranis na região de Dourados (MS), neste ano, em "fatores estruturantes".
A falta de alimentação ficou em segundo plano como causa das mortes. Os "fatores estruturantes" seriam problemas na rede hospitalar de Dourados e problemas no acesso dos índios à terra.
"É fundamental resolver o problema da deficiência no atendimento hospitalar em Dourados, que foi um dos fatores que contribuíram para a morte das crianças", disse o chefe do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, Alexandre Padilha.
Ilustrou sua afirmação citando o Hospital da Mulher de Dourados, instituição privada conveniada com o SUS (Sistema Único de Saúde), onde morreram os índios.
A deficiência no atendimento de crianças com infecções causadas por desnutrição teria contribuído para as mortes.
"A própria direção técnica do hospital reconheceu isso. Estamos já fazendo um acompanhamento para mudar a realidade", declarou Padilha.
Em comparação, segundo o diretor da Funasa, outro hospital da região, o Centro de Recuperação Nutricional, administrado pela fundação, tratou crianças indígenas desnutridas e não registrou nenhuma morte.
Outros fatores que contribuem para as mortes, de acordo com a Funasa, são o fato de 11,5 mil índios na região de Dourados serem obrigados a viver em uma área de 3.500 hectares (cerca de dois arquipélagos de Fernando de Noronha), a falta de saneamento básico e a desnutrição.
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio Gomes, afirmou que os índios vivem "enclausurados, com uma população crescente", o que dificultaria o plantio e o acesso à alimentação.


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