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CONTAS PÚBLICAS
Governo dará desconto no pagamento das dívidas aos governadores que enxugarem quadro de pessoal
Estados que demitirem terão compensação
DANIEL BRAMATTI
da Sucursal de Brasília
O governo federal pretende
dar um desconto no pagamento das dívidas
dos Estados que
promovam a demissão de servidores. O desconto, de até 4% da receita líquida estadual, terá de ser
usado no pagamento de indenizações de demitidos.
A proposta deve constar da MP
(medida provisória) que o governo
federal vai editar para aliviar a crise da dívida dos Estados.
A MP também vai antecipar a liberação de R$ 800 milhões para os
Estados, por conta de ressarcimentos da Lei Kandir, e modificar a base de cálculo para os pagamentos
mensais das dívidas.
A mudança no cálculo, que será
retroativa a janeiro do ano passado, deve levar a União a devolver
de R$ 300 milhões a R$ 350 milhões aos 24 Estados que renegociaram dívidas, disse o secretário
do Tesouro, Eduardo Guimarães.
Guimarães disse ainda que esse
total ficará como crédito a ser descontado de futuros pagamentos
das dívidas.
A informação sobre o incentivo à
demissão de servidores foi dada
pelo secretário da Fazenda de Mato Grosso do Sul, Paulo Bernardo,
um dos cinco secretários estaduais
que ontem se reuniram com Guimarães.
Segundo Paulo Bernardo, Guimarães informou, durante a reunião, que a medida já está no esboço de MP em análise pelo Planalto.
"Ficamos surpresos. Os governadores nunca reivindicaram isso",
afirmou Paulo Bernardo.
Como os Estados que renegociaram suas dívidas pagam à União de
11,5% a 13% de suas receitas líquidas, as parcelas mensais poderiam
ser reduzidas para 7,5% a 9%.
Os valores não amortizados continuariam fazendo parte do principal da dívida, que tem de ser paga
em até 30 anos.
"É como um financiamento. Os
Estados adiam por 30 anos o pagamento de parte de sua dívida e
usam o dinheiro em programas de
demissão de pessoal", afirmou
Paulo Bernardo.
Os secretários levaram ao governo federal uma nova pauta de reivindicações. Eles querem que a
União reembolse integralmente as
perdas de receita que os Estados tiveram desde 98 com o FEF (Fundo
de Estabilização Fiscal).
Segundo cálculos do próprio Tesouro Nacional, os Estados deixaram de receber R$ 1,2 bilhão em 98
por causa do FEF, que reduz os repasses federais ao Fundo de Participação dos Estados. Para 99, a
previsão de perda de receita é de
R$ 1,3 bilhão.
Os secretários também pediram
mudanças na Lei Kandir, que reduz a arrecadação potencial dos
Estados porque isenta as exportações do pagamento de ICMS.
Pela proposta apresentada ontem, as perdas dos Estados teriam
de ser integralmente cobertas pela
União -atualmente, o governo
garante a manutenção da receita
anterior à Lei Kandir.
Guimarães disse que as reivindicações serão analisadas, mas o governo federal não deve anunciar
nenhuma decisão até a reunião entre os governadores e a equipe econômica, marcada para o dia 26.
Ornélas
O ministro da Previdência Social,
Waldeck Ornélas, disse à Folha
que o governo só pretende incluir
na compensação de gastos previdenciários com os Estados as despesas com aposentadorias. Isto é,
não serão contabilizados os gastos
com as pensões pagas aos dependentes de servidores públicos.
Ornélas lembrou que a compensação prevista na Constituição vale
só para os gastos com aposentadorias. Segundo a legislação, Estados
e municípios que criaram regimes
próprios de Previdência Social
após 1988 podem pedir à União a
devolução do que foi pago antes da
criação do regime estadual.
Colaborou
Vivaldo de Sousa, da
Sucursal de Brasília
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