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NO AR
Da guerra à campanha
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
De um dia para o outro,
acabou a guerra e começou a campanha eleitoral de
George W. Bush.
Bush pai enviou um convite,
em nome do Partido Republicano, chamando para um "Jantar
do Presidente". Da carta:
- Nos ajude a tornar este
evento memorável para o nosso
presidente.
Os convites para o jantar custam US$ 2.500. Quem conseguir
US$ 100 mil ganha o direito de
tirar uma foto com o presidente
americano.
É o início da arrecadação para a campanha de reeleição, no
ano que vem. Sem horário eleitoral, ela consome milhões em
comerciais.
E é o fim das ações de guerra.
Bush filho teria vetado os planos
encomendados pelo "falcão"
Donald Rumsfeld para um ataque à Síria.
O também secretário Colin
Powell, adversário dos "falcões",
saiu trombeteando pela TV que
não há plano nenhum para atacar a Síria.
Não que tenha sido uma vitória de Powell. "É a economia, estúpido", parecia transmitir
Bush, em seu primeiro discurso
sobre um assunto que não a
guerra, ontem.
Uma pesquisa acendeu no fim
de semana a luz vermelha. Os
números de Bush não vão bem
em economia. A forma como está tocando a área é questionada
por 46% dos americanos, contra
44% que aprovam.
Bush pai, como se sabe, venceu
a sua guerra contra o Iraque e
em seguida, como não cumpriu
promessas na economia, perdeu
para Bill Clinton. Foi então que
James Carville, marqueteiro de
Clinton, cunhou o bordão "é a
economia, estúpido".
No sábado, um dos enviados
da CNN ao Iraque tentou entrar
na cidade de Tikrit e enfrentou
bala. Seguiu-se um tiroteio dos
seguranças da CNN com os iraquianos. Ao vivo.
É só um dos exemplos extremos do envolvimento dos jornalistas americanos na guerra.
Pior, é claro, aconteceu com os
"encaixados", que acompanharam as tropas.
Um deles relatou como avisou,
aos soldados, a posição de alguns iraquianos, três dos quais
foram mortos:
- Alguns na minha profissão
podem pensar que, como um repórter, eu estava lá só para observar. Agora que eu ajudei nas
mortes de três seres humanos na
guerra à qual fui enviado para
cobrir, eu tenho certeza que alguns vão questionar a minha
ética, a minha objetividade etc.
Eu vou dar uma curta justificativa. Eles que se danem, eles não
estavam lá.
Foi-se o tempo da cobertura
"objetiva" nos EUA.
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