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CASO SILVEIRINHA
Um oitavo investigado sob acusação de desvio de verbas que envolveria contas na Suíça deve se entregar hoje
7 fiscais acusados de corrupção são presos
FERNANDA DA ESCÓSSIA
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Foram presos ontem à noite no
Rio de Janeiro sete fiscais e auditores investigados sob acusação
de manter contas bancárias irregulares na Suíça, em um suposto
esquema de corrupção que movimentaria pelo menos US$ 33,4
milhões.
A prisão foi decretada pelo juiz
da 3ª Vara Criminal Federal, Lafredo Lisboa. Um oitavo investigado, o auditor Hélio Lucena Ramos da Silva, também teve a prisão decretada e deverá se entregar
hoje, segundo seu advogado.
Já estão presos Rodrigo Silveirinha Corrêa, que foi subsecretário
de Administração Tributária durante a gestão do ex-governador
Anthony Garotinho (PSB) -de
1999 a abril de 2002-, Carlos
Eduardo Pereira Ramos, Rômulo
Gonçalves, Lúcio Manuel Picanço, Amaury Franklin Nogueira Filho, Axel Ripoll Hamer e Sérgio
Jacome de Lucena.
Lisboa alegou que a prisão era
necessária por "garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e segurança na
aplicação da lei penal". Afirmou
que há risco de que eles deixem o
país. Foi a primeira decretação de
prisão desde janeiro, quando o escândalo estourou.
A prisão foi decretada a pedido
do Ministério Público Federal, depois do depoimento na Justiça Federal de V.G.S., ex-mulher de Pereira Ramos.
À exceção de Ramos da Silva,
todos os investigados assistiam ao
depoimento e ouviram a decisão.
Saíram conduzidos pela Polícia
Federal, sem algemas. Passariam
a noite no 23º Batalhão da Polícia
Militar, no Leblon (zona sul).
A Polícia Federal pediu que o
nome da ex-mulher de Pereira
Ramos fosse mantido em sigilo,
por motivo de segurança. V. G. S.,
38, deu detalhes sobre como o ex-marido guardava dólares em gavetas, em casa, e havia lhe confessado mandar tudo para a Suíça. O
fiscal Gonçalves, segundo ela,
também tinha conta naquele país.
Pereira Ramos teria US$ 18 milhões. Gonçalves, US$ 2,1 milhões.
Segundo a testemunha, o ex-marido entregava dinheiro ao
motoboy do empresário Alexandre Martins, encarregado de enviar tudo à Suíça. Martins é procurador do jogador de futebol Ronaldo. Duas de suas empresas estão sendo investigadas pela Polícia Federal, que apura se o dinheiro teria sido enviado por intermédio delas para a Suíça.
Segundo V.G.S., a conta foi
aberta no Rio, na representação
de um banco suíço -o DBTC
(Discount Bank and Trust Company), posteriormente comprado
pela Union Bancaire Privée.
Ela afirmou que assinou um formulário em inglês para o banco.
Detalhou ainda uma viagem à
Suíça com o ex-marido, Gonçalves e sua mulher, em 1997. Os
quatro foram ao banco.
"Está muito mais claro como o
grupo agia", afirmou o procurador Gino Liccione. Ele disse que,
em 35 dias, vai denunciar os fiscais e auditores por lavagem de
dinheiro, sonegação fiscal, crime
contra a ordem financeira e concussão (vantagem indevida exigida por funcionário público). Como os acusados foram presos, esse é o prazo de que ele dispõe para
concluir a denúncia e enviá-la à
Justiça Federal.
A denúncia tem por base dados
do Ministério Público Suíço sobre
a movimentação das contas e depoimentos ouvidos até agora. Os
oito nomes são os primeiros citados no documento original enviado pela Procuradoria suíça, no
ano passado. Outros nomes surgiram. Há 12 fiscais e auditores indiciados na PF. A investigação
continua.
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