UOL

São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO SILVEIRINHA

Um oitavo investigado sob acusação de desvio de verbas que envolveria contas na Suíça deve se entregar hoje

7 fiscais acusados de corrupção são presos

FERNANDA DA ESCÓSSIA
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Foram presos ontem à noite no Rio de Janeiro sete fiscais e auditores investigados sob acusação de manter contas bancárias irregulares na Suíça, em um suposto esquema de corrupção que movimentaria pelo menos US$ 33,4 milhões.
A prisão foi decretada pelo juiz da 3ª Vara Criminal Federal, Lafredo Lisboa. Um oitavo investigado, o auditor Hélio Lucena Ramos da Silva, também teve a prisão decretada e deverá se entregar hoje, segundo seu advogado.
Já estão presos Rodrigo Silveirinha Corrêa, que foi subsecretário de Administração Tributária durante a gestão do ex-governador Anthony Garotinho (PSB) -de 1999 a abril de 2002-, Carlos Eduardo Pereira Ramos, Rômulo Gonçalves, Lúcio Manuel Picanço, Amaury Franklin Nogueira Filho, Axel Ripoll Hamer e Sérgio Jacome de Lucena.
Lisboa alegou que a prisão era necessária por "garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e segurança na aplicação da lei penal". Afirmou que há risco de que eles deixem o país. Foi a primeira decretação de prisão desde janeiro, quando o escândalo estourou.
A prisão foi decretada a pedido do Ministério Público Federal, depois do depoimento na Justiça Federal de V.G.S., ex-mulher de Pereira Ramos.
À exceção de Ramos da Silva, todos os investigados assistiam ao depoimento e ouviram a decisão. Saíram conduzidos pela Polícia Federal, sem algemas. Passariam a noite no 23º Batalhão da Polícia Militar, no Leblon (zona sul).
A Polícia Federal pediu que o nome da ex-mulher de Pereira Ramos fosse mantido em sigilo, por motivo de segurança. V. G. S., 38, deu detalhes sobre como o ex-marido guardava dólares em gavetas, em casa, e havia lhe confessado mandar tudo para a Suíça. O fiscal Gonçalves, segundo ela, também tinha conta naquele país. Pereira Ramos teria US$ 18 milhões. Gonçalves, US$ 2,1 milhões.
Segundo a testemunha, o ex-marido entregava dinheiro ao motoboy do empresário Alexandre Martins, encarregado de enviar tudo à Suíça. Martins é procurador do jogador de futebol Ronaldo. Duas de suas empresas estão sendo investigadas pela Polícia Federal, que apura se o dinheiro teria sido enviado por intermédio delas para a Suíça.
Segundo V.G.S., a conta foi aberta no Rio, na representação de um banco suíço -o DBTC (Discount Bank and Trust Company), posteriormente comprado pela Union Bancaire Privée.
Ela afirmou que assinou um formulário em inglês para o banco. Detalhou ainda uma viagem à Suíça com o ex-marido, Gonçalves e sua mulher, em 1997. Os quatro foram ao banco.
"Está muito mais claro como o grupo agia", afirmou o procurador Gino Liccione. Ele disse que, em 35 dias, vai denunciar os fiscais e auditores por lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, crime contra a ordem financeira e concussão (vantagem indevida exigida por funcionário público). Como os acusados foram presos, esse é o prazo de que ele dispõe para concluir a denúncia e enviá-la à Justiça Federal.
A denúncia tem por base dados do Ministério Público Suíço sobre a movimentação das contas e depoimentos ouvidos até agora. Os oito nomes são os primeiros citados no documento original enviado pela Procuradoria suíça, no ano passado. Outros nomes surgiram. Há 12 fiscais e auditores indiciados na PF. A investigação continua.


Texto Anterior: Ministro é chamado de "marginal"
Próximo Texto: Outro lado: Para advogado, repercussão do caso motivou decisão
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.