São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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Peemedebista cogita deixar governo Lula

ROGÉRIO GENTILE
EDITOR-ADJUNTO DE BRASIL

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Previdência, Amir Lando, ameaçou pedir demissão em desabafo anteontem com senadores do PMDB. Lando, que é senador pelo PMDB de Rondônia, queixou-se aos colegas da falta de poder para nomear aliados no seu próprio ministério e de não ter suas opiniões levadas em conta pela cúpula do governo.
"No fundo, ele disse que era um meio ministro", resumiu ontem, em conversa reservada com a Folha, um dos seus interlocutores.
O principal exemplo da falta de força de Lando, segundo seus aliados, foi o veto do Planalto à indicação do ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) para presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
No desabafo, Lando reclamou ainda da falta de acesso ao presidente Lula e falou que há confusão entre os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) para bater o martelo na hora das nomeações.
Há duas semanas, Lula determinou o afastamento de Dirceu da articulação política, a fim de liberar espaço para Aldo e forçar o ministro da Casa Civil a se dedicar ao gerenciamento do governo.
O problema é que o PMDB ressente-se do contato político com Dirceu, que fez todas as negociações da reforma ministerial de janeiro para definir os espaços da sigla na administração.
O ministro da Previdência, nesse contexto, demonstrou vontade de pedir demissão, mas colegas o aconselharam a aguardar o jantar de à noite entre Lula e a direção do partido.
O encontro foi marcado pelo Planalto justamente para tentar apaziguar o PMDB. Até o fechamento desta edição, o jantar -que ocorreu no Palácio da Alvorada- não havia terminado. Os ministros Dirceu e Aldo chegaram juntos.

Fatura de líder
A insatisfação de Lando agrava a relação do governo com o PMDB por surgir no momento em que o partido boicota votações no Senado e cobra cargos e emendas parlamentares.
O partido, que tem a maior bancada do Senado (22 senadores), foi fundamental na operação para abafar a CPI do caso Waldomiro e é importante para a governabilidade no Congresso.
Agora, cobra as faturas, entre elas a do cumprimento de acordo para que o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), substitua o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), no próximo ano.
Ontem, Renan condicionou a permanência do partido na base aliada a mudanças no tratamento político recebido do Planalto. "O PMDB tem 14 ex-governadores, 3 ex-ministros e 1 ex-presidente da República. Não dá para o governo manter o PMDB na base apenas pela ocupação de cargos", disse.
Em nome de sua bancada, Renan pretendia dizer a Lula ontem que o partido quer ter um papel mais decisivo no governo. "O PMDB precisa dividir responsabilidades, vestir a camisa. Queremos discutir teses, idéias e participar das decisões", disse.


Colaborou RAQUEL ULHÔA, da Sucursal de Brasília


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