São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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DEPOIMENTOS

JOSÉ GREGORI, ex-ministro da Justiça, era deputado estadual em 1984:
"As reuniões para a campanha aconteciam na minha casa, informalmente. Eu e o [José] Dirceu fazíamos parte do comitê que decidiu realizar o comício no Anhagabaú. Não havia o túnel lá e teríamos de parar o trânsito. Fomos falar com o Mário Covas, que era o prefeito. "Mas isso pára São Paulo", disse. Deixamos a batata quente com ele. Depois, ele disse que teríamos duas horas para o comício. Eu estava no carro de som. Na comissão de frente, vinham Tancredo, Lula, Brizola, Ulysses, FHC... O mais aplaudido foi o Lula. Pela intensidade, sabíamos que era irreversível. A eleição viria, direta ou indireta. Teríamos um candidato das oposições. "Virão as eleições e nós vamos ganhá-la!", era o sentimento" .

RUTH ESCOBAR, atriz:
"Minha casa era uma espécie de centro, as faixas dos comícios eram pintadas aqui e levávamos para as ruas com paixão. Não importava partido, estávamos todos unidos contra a ditadura. Havia muita paixão, que foi embora. É horrível dizer isso, mas tenho saudade".

WALTER FRANCO, músico:
"Minha maior emoção foi tocar o hino das diretas no comício do Anhangabaú, para 1 milhão de pessoas, só com voz e violão. Era um violão acústico, comecei cantando baixinho, aquilo foi crescendo e de repente virou um canto coletivo".

SÓCRATES, médico e ex-jogador de futebol:
"A mobilização da sociedade foi o que mais me marcou, uma coisa rara de acontecer na história do Brasil. Dava a impressão de que a cidade inteira estava lá. Foi emocionante. A idéia de prometer que ficaria no Brasil se a emenda Dante de Oliveira fosse aprovada surgiu naquele momento, não havia preparado nada".

ORESTES QUÉRCIA, ex-governador de São Paulo; em 1984, era vice-governador:
"Foi a expressão de um sentimento que estava muito aguçado: derrubar a ditadura. Então o comício foi aquele sentimento que vem e explode. O PMDB na época foi um instrumento desse desejo. Discursei e discursou também o Tancredo [Neves]. Estávamos em plena campanha para Tancredo".

JORGE WILHEIM, secretário municipal de Planejamento Urbano de São Paulo, era do secretariado de Covas em 1984:
"Estávamos todos mobilizados. Embora formalmente eu não pudesse declarar feriado nem ponto facultativo na secretaria na tarde daquele dia, fiz saber que eu iria à manifestação. Até sugeri que fôssemos juntos. Uns 50 técnicos toparam e descemos a rua Augusta. Não subi no palanque. Estava lá como povão, fiquei do Teatro Municipal. Emocionei-me com o ambiente geral, de congraçamento, de muita gente junta pensando a mesma coisa. Encontrei tanta gente conhecida... até meus filhos, por acaso".


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