São Paulo, sábado, 16 de abril de 2005

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RUMO A 2006

"Temos de manter a unidade até setembro", afirma ex-prefeita

Marta pede trégua a petistas pré-candidatos ao governo

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A ex-prefeita Marta Suplicy, pré-candidata ao governo de São Paulo pelo PT, defendeu ontem uma trégua entre os três postulantes petistas à vaga até, pelo menos, a realização do PED (Processo de Eleição Direta), que ocorrerá em setembro. O PED renovará o comando do partido em nível nacional, estadual e municipal. Os outros pré-candidatos são o senador Aloizio Mercadante e o deputado federal João Paulo Cunha.
"Temos de manter a unidade até depois do PED e, depois, no fim do ano, poderíamos avaliar qual dos três teria muito mais condições do que os outros para poder ser o candidato", defendeu a ex-prefeita. "Se acharmos que nenhum dos três tem uma condição a mais tão evidente para essa disputa, faremos a prévia."
Marta tem priorizado visitas às prefeituras do interior porque, segundo ela, enquanto foi prefeita não teve tempo para percorrer o Estado. Disse que andará pela capital paulista a partir de junho.
Os três pré-candidatos participaram ontem de um seminário sobre planejamento e execução orçamentária promovido pelo gabinete do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). Em público, houve troca de elogios entre eles.
Antes de começar seu discurso, Marta chamou Mercadante de "leão", por sua atuação no Senado em defesa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e disse que João Paulo "é muito querido" no Estado. "Não deveria lhe fazer muito elogio agora porque talvez lhe incentive mais ainda, mas você é muito querido no interior", disse, em tom de brincadeira.
Mercadante, que foi o primeiro a falar no seminário, elogiou a administração da ex-prefeita e citou vários programas adotados por ela e classificou João Paulo como "amigo". Ele disse que até agora tem havido um bom relacionamento entre eles.
O senador afirmou que tem trabalhado pelo governo no Senado e, por causa disso, não tem tido tempo para se dedicar à sua pré-campanha. Nos fins de semana ou dias em que não há votação no Congresso, porém, ele tem participado de encontros, sobretudo com sindicalistas, com quem, afirma, tem obtido apoio. Na quinta-feira, o senador participou de um encontro da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em Serra Negra. Ontem à tarde, ele iria para Sorocaba, em um evento por conta dos 25 anos do PT.
Para João Paulo, "neste momento é importante organizar o processo de escolha do candidato". Ele sugeriu que seja feito um estudo da imagem do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e de seu governo, além da discussão do perfil de candidato que o PT quer para enfrentar o PSDB no Estado. "Não se pode escolher o candidato levando-se em consideração apenas um critério." O deputado afirmou que terá "um comportamento ético com os companheiros de disputa" e espera recíproca.
No seminário, ele propôs a realização de uma marcha rumo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, para cobrar repasses de recursos para as prefeituras paulistas. "Não adianta ir a Brasília. Faz 12 anos que o governo estadual só repassa viaturas e ambulâncias aos municípios", disse o ex-presidente da Câmara, para uma platéia de cerca de 200 pessoas, a maioria prefeitos, vices e vereadores do PT. "Faz-se muita política em São Paulo, mas pouca obra", criticou João Paulo.
O secretário da Casa Civil de Alckmin, Arnaldo Madeira, disse que o deputado está "desinformado". "Como alguém que quer ser candidato a governador não sabe o que se passa no Estado?" Segundo ele, Alckmin está investindo neste ano R$ 7 bilhões, entre administração direta e indireta.


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