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ORÇAMENTO
Projeto encaminhado ontem impõe redução de cerca de R$ 2,2 bilhões; Fazenda classifica limite de "momento histórico"
Lula quer menos gasto e arrecadação até 2008
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O projeto da Lei de Diretrizes
Orçamentárias encaminhado ontem ao Congresso pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva impõe
meta de redução de despesas e da
arrecadação de tributos não só
para seu último ano de mandato
(2006) como para os dois primeiros anos do próximo governo.
Tanto a carga tributária como as
despesas correntes terão de ser reduzidas em cerca de R$ 2,2 bilhões, se consideradas as recentes
previsões de receita e de gastos
feitas pelo governo para 2005.
Fazem parte do grupo de despesas correntes gastos como pagamento de aposentadorias, pensões e benefícios assistenciais,
transferência de renda, custeio de
programas de todas as áreas do
governo e itens administrativos,
como passagens e diárias para
funcionários. Não estão computados aí gastos com pessoal, pagamento de juros, investimentos
nem inversões financeiras.
O limite para os tributos administrados diretamente pela Receita Federal foi fixado em 16% do
PIB (Produto Interno Bruto). Isso
significa 0,1 ponto percentual
abaixo da previsão de arrecadação de tributos em 2005 e 0,3 ponto percentual abaixo da carga tributária federal recorde, de 2002.
O limite para as despesas correntes ficou em 17% do PIB, também 0,1 ponto percentual abaixo
da previsão de gastos deste ano.
Esse grupo de gastos públicos é o
único que registrou alta como
proporção do PIB nos dois primeiros anos de mandato de Lula.
"São compromissos assumidos
pelo atual governo e um desafio
lançado para o próximo", resumiu o ministro interino da Fazenda, Bernard Appy. Ele classificou
o limite imposto à receita e aos
gastos como "momento histórico": "Significa um ponto de reversão da trajetória fiscal do período
anterior, marcado pelo aumento
da carga tributária e das despesas
correntes", disse, numa referência
à gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
É uma tentativa do governo de
responder às críticas, principalmente dos tucanos, de gastança e
aumento de impostos. Com essas
medidas, o governo espera também ter como anular o discurso
que a oposição já ensaia para
2006, ano de eleição presidencial.
O objetivo oficial da redução da
carga tributária e das despesas
correntes seria estimular o crescimento da economia e aumentar
os investimentos públicos.
Paulo Bernardo (Planejamento)
disse que a redução das despesas
correntes deverá ser obtida por
medidas de redução do déficit da
Previdência e de melhoria da qualidade do gasto público. Segundo
ele, não foi discutida a possibilidade de redução de benefícios assistenciais, assim como a desvinculação do piso das aposentadorias e pensões do salário mínimo.
As regras de reajuste do mínimo, apontadas como uma das razões para o crescimento das despesas correntes, serão mantidas
para 2006. Os R$ 300, a partir de
maio, serão corrigidos pela inflação acumulada mais a variação do
PIB per capita. O mecanismo de
correção, criado na última Lei de
Diretrizes Orçamentárias, foi reiterado pelo projeto que seguiu
ontem para o Congresso.
Para os próximos três anos, foi
fixada a meta de economia de gastos correspondente a 4,25% do
PIB para o conjunto do setor público. Isso não significa que o governo não possa produzir um superávit maior para pagamento
dos juros da dívida.
O cenário econômico traçado
no projeto da LDO surpreendeu
pelo otimismo. Para 2006, a previsão é que a economia cresça 4,5%,
um ponto percentual acima das
estimativas de mercado.
A LDO tem de ser votada até o
fim de junho para que parlamentares saiam em férias em julho.
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