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QUESTÃO NUCLEAR
Manutenção custa US$ 20 mi mensais; debate se arrasta desde 2001
Ausência de entendimento trava decisão sobre Angra 3
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Falta de entendimento político
e técnico trava a decisão sobre a
construção da usina nuclear de
Angra 3. A usina, localizada em
Angra dos Reis (RJ), seria capaz
de gerar 1.350 MW e sua construção custaria cerca de US$ 1,8 bilhão. Hoje o governo gasta cerca
de US$ 20 milhões por mês com a
manutenção dos equipamentos,
comprados no regime militar.
Os ministérios do Meio Ambiente, de Minas e Energia e de
Ciência e Tecnologia já se posicionaram no CNPE (Conselho Nacional de Política Energética). Os
dois primeiros, contra a usina e o
último, a favor. O ministro José
Dirceu (Casa Civil) retirou o tema
de pauta e, fora da reunião, se manifestou favorável à construção.
Construir ou não a usina é uma
decisão do presidente Lula. Antes
de tomá-la, ele ouvirá o CNPE.
A discussão sobre a construção
ou não da usina se arrasta no
CNPE desde 2001. A última análise técnica feita pelo assunto dividiu o tema em três aspectos: viabilidade econômica (Minas e
Energia), questão ambiental
(Meio Ambiente) e estratégica
(Ciência e Tecnologia).
Minas e Energia concluiu que
eram mais interessantes as hidrelétricas de Belo Monte (PA) e as
do rio Madeira (RO), e postergar
Angra 3 para 2010. O preço da
energia gerada pela usina nuclear
seria de até US$ 80 por MWh
(megawatt hora), contra US$ 30
das hidrelétricas. Já o Ministério
do Meio Ambiente foi contra por
não haver solução à localização
dos rejeitos da usina. Ciência e
Tecnologia foi a favor por considerar a usina estratégica para o
país, opinião similar à de Dirceu.
Essa divergência pública entre a
ministra Dilma Rousseff (Minas e
Energia) e os ministros José Dirceu e Eduardo Campos (Ciência e
Tecnologia) foi o segundo desgaste político da semana. O primeiro
foi a rejeição do nome de José
Fantine à diretoria-geral da ANP
(Agência Nacional do Petróleo).
Dilma e Dirceu conversaram
por cerca de uma hora ontem e
combinaram de fazer as nomeações políticas com Lula. Também
ficou acertado que o governo não
atenderá a todos os pedidos da
base aliada, só aos considerados
possíveis pela área política. A divergência gerou outro fato: na
quarta, foi demitido Zieli Dutra
Thomé Filho, presidente da Eletronuclear. A saída estaria ligada à
sua posição favorável à usina. "É
minha suposição por não haver o
que desabone minha gestão."
Colaborou PEDRO SOARES, da Sucursal
do Rio
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