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Dirceu repete discurso
da ditadura, diz físico
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
O físico e secretário do Meio
Ambiente do Estado de São Paulo, José Goldemberg, disse que o
ministro José Dirceu repete a argumentação do regime militar ao
defender a energia nuclear como
estratégica para o país.
"O único argumento que José
Dirceu usou até agora é que é estratégico. Esse é exatamente o argumento dos militares. A linguagem que os militares usavam é
que eles iriam desenvolver energia nuclear para fins pacíficos e
talvez então pensar em armas.
Então, acho que o José Dirceu está
repetindo o argumento."
Considerado um dos maiores
especialistas em energia do país,
Goldemberg, ex-secretário nacional de Ciência e Tecnologia e ex-ministro da Educação, é crítico do
uso da tecnologia nuclear para geração de eletricidade. Para ele,
energia nuclear em grande escala
não só não faz sentido técnico e
ambientalmente como também é
erro econômico e estratégico.
A opinião é compartilhada pelos ministérios de Minas e Energia
e do Meio Ambiente.
A sugestão de que o desenvolvimento da tecnologia nuclear ajudaria o Brasil a conquistar um assento permanente no Conselho
de Segurança da ONU também é
considerada sem fundamento pelo secretário. "Ao contrário, a
posse de armas nucleares é motivo de discriminação."
Sobre a usina de enriquecimento de urânio em Resende (RJ), disse que "claramente não se justifica" economicamente. "Uma usina de enriquecimento de urânio
de grande porte custa US$ 800 milhões. A carga de urânio para um
reator do tipo Angra 2 ou 3 custa
US$ 12 milhões por ano. Quer dizer, você iria fazer investimento
de US$ 800 milhões para economizar US$ 12 milhões por ano."
Ex-presidente da Eletrobrás, o
físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor
da Coordenação de Programas de
Pós-Graduação em Engenharia
da Universidade Federal do Rio,
disse ser contrário à instalação de
Angra 3. Primeiro, diz, é preciso
solucionar "o passivo ambiental e
financeiro" de Angra 1 e 2.
Colaborou PEDRO SOARES, da Sucursal
do Rio
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