São Paulo, quinta, 16 de abril de 1998

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Painel


Troco federal

Um grupo significativo de senadores insatisfeitos com a reforma ministerial vai apoiar a reeleição de ACM à presidência da Casa. Parte deles não votaria pela recondução do pefelista, mas agora todos querem quem mais pode incomodar FHC.


Problemas em 99

Um político próximo a FHC diz que, no início do governo, o presidente julgava ACM um aliado que criava problemas quando lhe era conveniente. Hoje, FHC o julga um adversário que o apóia quando lhe é conveniente. Mas nunca o presidente dirá isso publicamente.


Brasil real

FHC foi avisado anteontem de que a seca no Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba está provocando saques a armazéns no sertão. Os governadores Tasso, Garibaldi e Maranhão pediram ação federal contra o problema.




Piquete educado

Assessores parlamentares da Fazenda fizeram corpo-a-corpo ontem com deputados para evitar quórum da Comissão de Fiscalização que votaria a convocação de Malan para explicar déficit de 97. Apesar de os assessores terem sido vistos, o ministério nega o lobby de corredor.


Tiro pela culatra

Presidente do PSDB, Teotônio Vilela chegou triste a Brasília ontem. A ida do peemedebista Renan Calheiros para a Justiça deveria ter aberto caminho para sua candidatura ao governo alagoano. Mas o novo ministro resolveu não ajudar em nada.


Vazio operacional 1

O líder tucano Aécio Neves diz que Serjão estava fechando as alianças do PSDB no Paraná, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte.


Vazio operacional 2
Exemplo da falta que Sérgio Motta faz ao PSDB: o PPB topa se aliar aos tucanos na eleição para o governo do Paraná, mas em troca quer a presidência da Telepar. A negociação está parada. Só que falta alguém no governo para bater o martelo.


Vitória numérica...

Leitura política do placar da cassação de Sérgio Naya feita por caciques do Congresso: foi quase um desagravo ao deputado e uma vitória política do baixo clero da Câmara. A cassação passou por pouco, o que escancara o corporativismo da Casa.


...mas fiasco político

Os 163 votos contra a cassação de Naya, somados às 21 abstenções e 10 votos brancos, mostram que 184 parlamentares tentaram livrar a cara do deputado. Ou seja: 36% da Câmara queriam a impunidade, fora quem não registrou presença. Os 277 votos pró-cassação somam 54%.


Só pela aparência

Um líder governista diz que boa parte dos 277 votos pela cassação de Sérgio Naya foi dada sem convicção nenhuma. Apenas ocorreu por necessidade de dar satisfação à opinião pública.


Mercado agitado

O PT está para decidir qual publicitário fará a campanha de Marta Suplicy ao governo paulista. Até o começo da semana havia dois no páreo: Sebastião Teixeira (que sairia da Denison) e José Maria Braga (MPI). A tendência é fechar com Teixeira.


Mau presságio
José Aníbal (PSDB-SP) decidira marcar para a próxima quarta a votação do processo de cassação dos deputados pianistas na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Desistiu, depois de se convencer de que não há jeito de reunir quórum suficiente para realizar a sessão.


Guerra de números

Para rebater pesquisa de deputados do PPB pela qual Oscar Schmidt bateria Eduardo Suplicy na disputa ao Senado, Antonio Palocci, presidente do PT paulista, diz que, pelos número do partido, Suplicy teria 44% dos votos e Oscar, só 5%.


Visita à Folha

Presidente da ABL (Academia Brasileira de Letras), Arnaldo Niskier visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado do consultor Ney Figueiredo.

TIROTEIO

De João Paulo (PT-SP), sobre ACM ter dito que, se fosse o responsável pelo governo, acabaria com MST e UDR "num só dia":
- Por mais que tente esconder o seu passado, ACM sempre tem as suas recaídas. A saudade que sente da época da ditadura militar, quando a sociedade não podia se organizar, deve ser muito grande.

CONTRAPONTO
Manda quem pode

Ontem, os deputados federais Fetter Júnior (PPB-RS), Valdir Colatto (PMDB-SC) e Arlindo Vargas (PTB-RS) acompanharam o presidente da Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), Carlos Sperotto, em uma visita a Milton Seligman (Incra).
Sperotto foi reclamar dos critérios usados pelo órgão dirigido por Seligman no recadastramento de propriedades rurais no Rio Grande do Sul.
No meio da reunião, um deles lembrou que tinham que ir à Câmara registrar presença. Senão, poderiam ser acusados de contribuir para a eventual não cassação de Sérgio Naya e ainda teriam um desconto de R$ 600.
Quando ele ameaçou levantar, o empresário falou:
- Fique aí e espere eu acabar de falar. O dia de vocês eu pago.
Eles obedeceram e só foram para a Câmara registrar presença após a fala de Sperotto. Mas ainda voltaram a tempo de continuar a reunião.



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