São Paulo, quinta, 16 de abril de 1998

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Para mercado, Light ganha e SP perde

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

A Light foi a grande vencedora e o governo do Estado de São Paulo, o perdedor. Essa foi a avaliação do mercado financeiro sobre a venda, sem ágio, da Eletropaulo Metropolitana, e do leilão frustrado, sem comprador, da Empresa Bandeirante de Energia.
As ações da Light, após a compra da Metropolitana, subiram mais de 6%, chegando a se destacar como a maior alta do índice Bovespa. Fecham com alta de 4,9%, contra 0,23% da Bolsa de São Paulo.
Os papéis das quatro empresas resultantes da cisão da Eletropaulo despencaram logo após o leilão. A Bandeirante, não vendida, chegou a cair 5%. Fechou com baixa de 4%.
As ações da EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia), que teve leilão de 49% de suas ações cancelado anteontem também por falta de comprador, caíram mais de 14,6%, para fechar com baixa de 4%.
A outra "filhote" da Eletropaulo, a Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), de geração de energia, que não será vendida por enquanto, teve desvalorização de 5% em seus papéis, que fecharam estáveis.
A privatizada Eletropaulo Metropolitana teve queda menor, de 0,89%, e fechou com alta de mais de 1%. Depois do impacto inicial da ausência de ágio no leilão, o mercado passou a avaliar que a empresa tende a se valorizar nas mãos do setor privado.
O índice Bovespa, levado majoritariamente pelo movimento das ações da Telebrás, chegou a cair 0,89% com os leilões frustrados.
Os analistas esperavam ágio de pelo menos 20% na Eletropaulo Metropolitana e que o VBC (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa), consórcio que comprou a CPFL, entrasse no leilão.
"O impacto foi muito negativo. O temor é que o governo paulista não consiga vender as demais energéticas, inclusive a Cesp, que está com problemas na Comissão de Valores Mobiliários", disse Manuel Maceira, administrador de recursos do Banco Bandeirante.
Os especialistas descartam, no entanto, falta de financiamento ou de recursos dos compradores por conta da crise asiática. "O BNDES financiou 50% do valor da Metropolitana, outros 30% poderiam ser pagos com os papéis da Companhia Paulista de Ativos, já adquiridos, e os consórcios estavam com seus projetos de financiamento fechados", afirmou Graça Paiva, analista-chefe da Ativa Corretora de Valores.
"Os boatos são de que a Bandeirantes e a Metropolitana estavam muito caras e que os fundos de pensão tinham um passivo que só viria a aparecer depois", disse Alexandre Souza, analista do Bozano, Simonsen.
Segundo ele, outra hipótese para o fracasso dos leilões é que os poucos interessados tenham se unido para depreciar mais as energéticas antes de comprá-las.
Que a Light fez um bom negócio, não havia dúvidas. "A Light comprou barato uma empresa de muito potencial, que atua no maior mercado do país, a cidade de São Paulo", disse Souza.



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