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PRIVATIZAÇÃO
Um dos controladores da ex-estatal do Rio, alvo de críticas e multa no verão, nega repetição de problemas
SP não terá "efeito Light', diz Steinbruch
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio
O presidente do Conselho da
CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Benjamin Steinbruch,
afirmou ontem que "não há a menor chance" de se repetirem em
São Paulo os '"efeitos Light".
A CSN é uma das controladoras
da Light, a distribuidora que atende a cerca de 80% dos consumidores do Estado do Rio. Steinbruch
também protagonizou a compra
da Vale do Rio Doce, em 97.
Depois de protagonizar uma série de quedas e cortes de energia
durante o verão, a Light foi auditada e multada em 0,1% do seu faturamento pela agência reguladora
do setor, a Aneel, levantando
questionamentos sobre o processo
de privatização.
Agora, a CSN passa a figurar
também no controle da Metropolitana. Levou a distribuidora paulista no leilão de ontem, sem concorrentes, elevando o complexo
Light-Metropolitana ao porte de
maior distribuidora de energia da
América Latina.
Folha - O que o senhor achou do
resultado do leilão?
Benjamin Steinbruch - Foi muito bom, estamos muito satisfeitos.
Com Rio e São Paulo, teremos a
maior distribuidora da América
Latina. Será um sucesso e muito
bom para São Paulo.
Folha - Por que só vocês entraram na privatização?
Steinbruch - Sei lá. Talvez pelo
momento. Achamos que seria
uma boa oportunidade. A Light estava bem preparada e vinha pensando nisso havia algum tempo.
Folha - Vocês tentariam levar a
empresa a qualquer custo?
Steinbruch - Não, nunca é assim, há limitações técnicas. E o
preço mínimo das duas empresas
já era bastante alto, tanto que não
houve oferta pela Bandeirante.
Folha - Por que vocês não deram
um lance para a Bandeirante?
Steinbruch - Porque aí teríamos acúmulo de controle. Teríamos que desmobilizar em dois
anos parte das empresas. E seria
um passo muito ousado.
Com Metropolitana e Light já temos os dois maiores mercados da
América do Sul.
Folha - Se não tivessem levado a
Metropolitana, teriam tentado a
Bandeirante?
Steinbruch - Nosso objetivo era
a Metropolitana, pela similaridade
com a Light. São duas distribuidoras urbanas.
Folha - O senhor acredita que, se
tivesse havido mais concorrentes,
o ágio poderia ter chegado a 15%,
como especulava o mercado?
Steinbruch - Acho que não. A
expectativa do mercado é sempre
muito positiva. Os preços estão
maiores, e os ágios obrigatoriamente serão menores. A Metropolitana foi vendida no limite.
Folha - Os representantes do
consórcio tinham vários envelopes. Vocês iriam até quanto para
levar a Metropolitana?
Steinbruch - Vários envelopes é
folclore de leilão. Na verdade, só
apresentaríamos um lance. São
práticas para dissimular.
Folha - Posso concluir que só entrariam com o lance mínimo?
Steinbruch - O preço estipulado era bastante alto, fora daquilo
realmente seria inviável. Para a
Bandeirante a mesma coisa.
Folha - E os consumidores paulistas, o que podem esperar?
Steinbruch - Tenho confiança
de que as coisas vão ser boas em
São Paulo. Primeiro pela qualidade da equipe técnica e da companhia em si. Vamos manter o corpo
técnico todo. Contamos com eles.
Folha - Os consumidores temem,
de certa forma, um "efeito Light".
Steinbruch - Não há a menor
chance de se repetirem em São
Paulo os "efeitos Light", que foram sazonais e específicos do Rio
de Janeiro. São Paulo pode ficar
tranquila porque será muito bem
atendida.
Folha - Se houver cancelamento
do leilão, o que vocês pretendem
fazer?
Steinbruch - Não acredito que
vá haver cancelamento porque o
governo de São Paulo é competente e não faria um leilão sem validade jurídica.
Folha - O consórcio pretende entrar em mais negócios na área-?
Steinbruch - Se Deus quiser. A
Light tem uma saúde financeira invejável e os controladores mais
ainda.
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