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Amigos de deputado formam "tropa de choque'
da Sucursal de Brasília
Uma tropa de choque formada
por amigos do deputado Sérgio
Naya (sem partido-MG) atuou ontem de forma explícita no plenário
da Câmara.
A pressão forçou a intervenção
do presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), e de
líderes partidários para evitar a
absolvição.
ACM chamou três deputados do
PFL baiano e exigiu que eles votassem pela cassação de Naya. Os três
estavam decididos a votar pela absolvição. No final da sessão, iniciada pela manhã, os líderes sentiram
que havia uma clima pró-Naya e
cobraram pessoalmente o voto favorável à cassação.
A cobrança veio também dos familiares. Ainda no gabinete, no
início da manhã, o deputado José
Múcio Monteiro (PFL-PE) recebeu um telefonema da filha Marina, 22. Ela exigia que o pai votasse
pela cassação e declarasse seu voto
no microfone. José Múcio explicou que a votação era secreta.
Marcação
Os líderes acompanharam a movimentação da tropa de choque de
Naya. O próprio deputado, sentado entre seu irmão Paulo e o advogado Daniel Azevedo, fazia o mapeamento dos votos a seu favor.
Ele marcava com uma caneta de
cor verde os deputados que votariam contra o parecer do deputado Marconi Perillo (PSDB-GO).
As informações eram transmitidas por deputados aliados, principalmente pelo tucano Basílio Villani (PR). Ele fazia o elo entre os
deputados e Naya.
"Fica tranquilo. Pode pegar um
avião e ir para casa", disse Villani a
Naya, quando retornou de uma
das missões no final da manhã.
Regime militar
Os amigos de Naya lembraram
do período dos governos militares
(1964-1985) para tentar sensibilizar os colegas.
"Eu já passei por isso", disse o
deputado Wilson Campos
(PSDB-PE) ao deputado João Leão
(PSDB-BA). Campos foi cassado
em 1975, quando era senador pela
Arena, acusado de corrupção.
O deputado Moacyr Andrade
(PPB-AL) abordou o tucano Arthur Virgílio (AM), lembrando
que seu pai foi cassado.
"Ele me disse: Você que é filho
de um cassado não vai votar pela
cassação. Eu respondi: É diferente,
deputado. O meu pai foi cassado
por um ato de força. O deputado
Naya teve direito de defesa", afirmou Arthur Virgílio da tribuna da
Câmara.
O pai do tucano, Arthur Virgílio
Filho, foi cassado pelo AI-5 (Ato
Institucional número 5).
"Estou quase conseguindo o voto do Gibson", disse o deputado
Lael Varella (PFL-MG) a Naya.
Mais tarde, o deputado Nilson
Gibson (PSB-PE) desconversou.
"Nem sabia que estavam votando
o processo do Naya. Eu falo com
todos os deputados, mas não sei
os seus nomes", afirmou.
(DENISE MADUENO E LUIZA DAMÉ)
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