São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2001

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PAINEL

Mãos à obra
A crise energética que surpreendeu FHC foi prevista em seu plano de governo, lançado em 94: "Em setores como energia e comunicações, estamos próximos do estrangulamento e o colapso só não ocorreu devido ao menor ritmo de crescimento econômico da última década".

Caixinha de surpresa
Em 98, na reeleição, a crise energética voltou a ser discutida pelo plano de governo de FHC. Sem medo de sustos: "Numa perspectiva de futuro, a grande marca do governo FHC certamente terá sido a ruptura das amarras que prendiam a economia brasileira ao passado".

Luz acesa
Decisão do Superior Tribunal de Justiça de 98 considera que a energia elétrica é "um bem essencial à população, constituindo-se serviço público indispensável (...), pelo que se torna impossível a sua interrupção".

Porta aberta
Segundo ministros do STJ, a decisão abre caminho para pedidos de indenização em razão do apagão. A ação foi proposta por um consumidor do Maranhão que tivera a luz de seu imóvel cortada por falta de pagamento e desvio de energia.

Criatividade política
Membros do Conselho Nacional de Política Energética dizem que o governo teria como evitar a política do apagão. "Racionamento tem de ser a última alternativa, não a primeira."

Limpeza de imagem
O ex-ministro Fernando Bezerra contratou a agência de publicidade MP5 para preparar sua campanha ao governo do RN. É a mesma que fez a eleição de Marta Suplicy (PT) em SP.

Mais do mesmo
A Comissão de Fiscalização do Senado define hoje a data do depoimento do ex-ministro de FHC Eduardo Jorge. O processo foi reaberto pelo presidente da comissão, Ney Suassuna.

Na mão do inimigo
O PFL avalia que ACM corre o sério risco de ficar nas mãos de Jader Barbalho (PMDB). O baiano diz ter sete votos no Conselho de Ética. Precisaria de mais um. Como algumas portas estão se fechando, é possível que ACM tenha de negociar diretamente com o presidente do Senado.

Tigre de papel
ACM voltou a fazer ameaças, nos bastidores, a FHC.

Bons motivos
Nabor Júnior (PMDB) procurou Jader e disse que votará de acordo com a sua "consciência". No Conselho de Ética, comenta-se que o senador recebeu pelo menos 500 mil argumentos pró-ACM. Outros senadores têm ouvido as mesmas ponderações.

Apoio de peso
Não foi só para a campanha de TV que ACM recebeu a ajuda de empresários baianos. Ontem, o lobby carlista fazia um corpo-a-corpo discreto no Congresso.

Unidos na desgraça
ACM pediu a José Roberto Arruda que continue no Conselho de Ética e vote contra a cassação. Prometeu compensar o ex-tucano com o apoio dos dois senadores baianos no conselho.

Curral eleitoral
Senadores receberam dois manifestos contrários à cassação. O que trata de ACM tem 300 páginas e é assinado por 172 associações baianas. O de Arruda tem só uma página e oito signatários, incluindo um pólo industrial de roupas íntimas.

Momentos de tensão
Três policiais federais foram ao DNER anteontem para prender o interventor do órgão, Jayme Pacheco. Por deixar de pagar R$ 28 mi em precatórios, descumprindo ordem judicial.

Cofre trancado
O interventor só escapou da prisão às 21h30, quando o Tesouro liberou o pagamento. A ordem judicial saiu na quinta passada, com prazo de 48 horas. O Tesouro soube no mesmo dia, mas alegou que teria de respeitar a ordem cronológica.

TIROTEIO

De Horacio Lafer Piva (Fiesp), sobre o racionamento:
-O governo é culpado pela crise energética. Sempre tratou investimento como custo. Chegou a hora da verdade.

CONTRAPONTO

Tempos de crise

No auge da busca por assinaturas para instalar a CPI da corrupção, os partidos de oposição resolveram fazer uma ofensiva a parlamentares do PPB.
A ação chegou a dar resultados. Os deputados Arnaldo Faria de Sá (SP), Jair Bolsonaro (RJ) e Augusto Nardes (RS) assinaram o documento. Outros prometeram assinar, mas pediram um tempo para pensar.
Um grupo de deputados petistas decidiu procurar o paulista Delfim Netto, mesmo sabendo que havia pouca chance de ele assinar, já que havia condenado a CPI em várias entrevistas.
Delfim, famoso por seu bom humor, disse:
- Espere um pouco. Vou ver quanto o governo paga para eu retirar a assinatura. Dependendo do preço, eu assino.
Antes de os petistas retrucarem, Delfim gargalhou:
- É brincadeira. Esse não é meu estilo de atuação.


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